Não vou me esticar muito, pois isto é conversa de gente velha, que depois fica tomando tempo de gente nova ou chorando águas passadas. Acontece que estou chegando da fazenda do meu amigo-irmão
Não vou me esticar muito, pois isto é conversa de gente velha, que depois fica tomando tempo de gente nova ou chorando águas passadas. Acontece que estou chegando da fazenda do meu amigo-irmão Adib Jatene, ali perto de São José do Rio Preto, ele aniversariando oitenta anos. Idade grande, vão dizer vocês mais jovens. Eu – e penso que também o Adib – não sinto assim. A idade é dupla, uma biológica, medida em anos de vida, e outra existencial, que não olha pra trás, mas apenas pra frente, ou seja, para o que a gente espera ainda poder fazer ou ajudar pela experiência e pelos anos vividos. Aprendi, em meus tempos de colégio, uma frase francesa que gravei: si vieille pouvait, et jeunesse savait... Em resumo e tradução, que bom seria se a velhice pudesse e se a juventude soubesse... Assim é a vida, meus bons amigos. A idade nos traz experiência e sabedoria... mas já não podemos ou não temos o tempo para aplicá-la. Os jovens... estes têm todo o tempo e anos que invejamos... mas faltam-lhes a experiência e a sabedoria. Os psicólogos chamam a isto o choque das gerações... e este é um problema agudo nos tempos atuais. Em casa e simples, eu tenho que ler jornal ou ouvir televisão para tomar conhecimento das coisas. Na véspera, apertando um botão e e-mail, o jovem já viu e ouviu tudo que apenas agora estou conhecendo. Visto num relâmpago, parece impossível que o idoso entenda e acompanhe a velocidade dos jovens. Estes, com simplicidade, comentam apenas: mas, isto já era, pai! Hoje o mundo é outro, você está por fora... E é verdade, meus companheiros: eu e vocês antigos... estamos por fora. Nossa avaliação e julgamento, baseados em experiência e tradição... estão fora de moda. Ou pior: já eram. Em crônica de mensagem, deixo aos meus companheiros apenas um consolo, para que não percam tempo ou sofram com esta juventude desensofrida deste novo tempo. É uma frase simples e filosófica de ensinamentos, ditada por Santaiana: “Aqueles que não aprenderam com a experiência anterior estão condenados a revivê-la...”. Ou, trocando em miúdos da modernidade: quem não aprender pela experiência da vida, vai se... Chega, felizmente, ao fim o meu espaço. Isto, pelo menos, eu aprendi!...
(*) médico e pecuarista