ARTICULISTAS

Da forma e do conteúdo

Propaganda é coisa séria. Ela pode ser uma perdição

Gilberto Caixeta
gilcaixeta@terra.com.br
Publicado em 17/09/2013 às 19:31Atualizado em 19/12/2022 às 11:02
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Propaganda é coisa séria. Ela pode ser uma perdição quando pensada para o mal ou for realizada sem a responsabilidade que a requer. Mas o mal em si ela não carrega, ela é nutrida por alguém que a pensou, inclusive quando está errada. A propaganda está no nosso cotidiano por meio de placas, no rádio, na televisão... Quando uma loja resolve colocar um locutor na porta de seu estabelecimento falando o dia inteiro é de dar dó dele e do ouvinte. Carros de som e motos sonoras, embora sejam instrumentos de trabalho, deveriam ser melhores avaliadas e regulamentadas. A forma tem muito a ver. Assim como os conteúdos. Propaganda de cigarros traz aquelas malditas fotos. O mesmo deveria ocorrer nas garrafas de bebidas, nos pacotes de macarrão, nos potes de doces, porque são produtos que fazem mal. Assim como deveriam proibir as propagandas de remédios. Médicos receitam e os laboratórios bancam as suas viagens. Porém, juízes julgam... O conteúdo das propagandas diz muito do estabelecimento, por isso se deve ter cuidado com o que se fala. Somos sempre escravos das nossas palavras; do silêncio, não. Esse nos liberta. Circula pelas rádios de Uberaba uma propaganda que desconsidera o conteúdo das coisas e das pessoas e pensa somente na forma. Quem é detentor de um belo corpo não é preciso ter mais nada, porque ninguém o resiste. Pura ilusão para não dizer enganação. As coisas não são excludentes. Imagine quem é mudo, ou cego? Agora, imagine quem tem uma bela voz, mas não é provido da estética esculpida em Pilates, em academias ou naturalmente assim. Essa ideia de que um corpinho basta em si me faz lembrar do Evódio, que dizia, ironicamente, que mulher feia não tem o direito de ser chata, somente as belas, que nem inteligente precisam ser. Beleza e inteligência são rara combinação. A Fátima ia à loucura ao ouvir essa ideia deformada. Assim como é deformada a proposta da propaganda que conclui dizendo que ninguém resiste a um corpinho, mesmo que a mulher tenha uma voz grossa sugerindo ser um travesti. Propagandas são um perigo. Elas podem induzir ao erro e a aquisições desnecessárias. Podem nutrir a intolerância e depor contra quem as promove. Igual a propaganda do programa mais médico. Ela influenciou as expressões mais esdrúxulas a respeito dos médicos e das intolerâncias sociais, além de demonstrar que brasileiros não são afetos a governos ditatoriais e das suas estruturas, que se aproximam da escravidão do pensamento e dos talentos. Propagandas políticas carregam o seu viés ideológico de manipulação social. Não acredito nelas, mas elas geram estragos ao cumprir com os seus fins, que não devem ser justificados pelos meios. Mas eles existem, cumprindo com o seu papel, por isso devemos ficar atentos ao que circula, seja para adquirir um produto ou comprar uma ideia.

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