ARTICULISTAS

Da violência violenta incurável

Sou apenas um número a mais na multidão

João Gilberto Rodrigues da Cunha
Publicado em 01/05/2013 às 20:24Atualizado em 17/12/2022 às 09:24
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Sou apenas um número a mais na multidão brasileira que geme nas violências deste tempo. Pessoalmente não sofro med afinal um cara de 83 anos só pode temer o inferno, de vida já viveu de tudo, como diria o Pedrinho da farmácia do Veríssimo. Realmente, eu e todos os iguais velhos não podemos sofrer da idade, Deus no-la deu de presente. Então, companheiro, de que sofrer e chorar? Por aí entro nos tempos atuais, que não espero vão durar muito. Não sofrerei demais, portanto, mas não tenho anestesia para ignorar as crueldades progressivas desta nova era. Comigo, penso, estão outros anciãos machos ou fêmeas. Daquela criação antiga que hoje não existe mais. As páginas policiais já não são punitivas ou investigativas. Nada, o mundo atual é de violência nua e crua. A morte não deve ser simples – esta é a exigência dos tempos do horror. Como explicar o crime daquele goleiro do Flamengo? (seu nome está registrado na porta do inferno...) Como usar um assassino contratado, que dá a carne das suas vítimas para os cachorros que cria? E estes garotos aprendizes do horror, que jogam álcool no corpo da jovem e a queimam em vida? E aquela esposa que mata e esquarteja o marido, levando seus pedaços para jogar no lixo? Enfim o horror e a crueldade fazem parte da nossa vida atual. Não basta matar, é preciso anunciar. Já vou sofrendo quem será o próximo, e que receita de horror vai acontecer? Bem, volto aos meus anos de idade, lembro das mortes por vingança, por desonestidades, por política, até por dinheiro ou paixão. Aconteciam, porém em menor e individualizadas condições. Assassinatos aconteciam, mas sempre de violência aguda e explicável. Hoje não se explica nada, penso até que a crueldade e violência de matar coloca o criminoso nos jornais, na televisão, quase a vaidade de aparecer... à custa da crueldade. Sei que é dura a franqueza, mas o alívio e tolerância de criminalidade precisam ser reavaliados. Um assassino cruel, malicioso e ostensivo, não é mais condenado à morte. Pega 20 anos, depois reduzidos para 10. Depois está novamente no teatro atual da morte. Sim, meus amigos, que o bom Deus me perdoe: há casos em que a mente doentia merece e precisa da morte. Os parentes, os amigos, a sociedade devem pressionar o poder – não por simples e inútil vingança, que nunca basta, mas por higiene da maldade incurável. O mundo, penso, agradecerá.

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