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Dar de comer

A política é uma das mais altas expressões da caridade

Dom Paulo Mendes Peixoto
Publicado em 04/08/2012 às 19:24Atualizado em 19/12/2022 às 18:08
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“A política é uma das mais altas expressões da caridade”. É uma realidade que deve ser levada em conta no momento eleitoral. Falamos de caridade, de “dar de comer a quem tem fome”, mas nem sempre pensamos que isto é uma atitude política, no sentido de que “política é a arte de se fazer o bem”. É a realização do bem comum na comunidade onde atuamos como pessoas humanas.

Os nossos governos têm a obrigação fundamental de fazer uma política limpa, marcada pela ética e com muita transparência. Do contrário, não podem contar com a confiança dos eleitores. E também não vão dar de comer a quem tem fome, isto é, não serão capazes de trabalhar para diminuir a distância existente entre as classes sociais e econômicas, situação gritante em nosso país.

A vida cristã é marcada por valores diferentes daqueles que orientam a sociedade secular. O suporte deve ser o amor ao próximo, o fato de um poder contar com o outro, mesmo tendo ideias diferentes. Formamos uma comunhão e o egoísmo rouba de nós esta dignidade, impedindo a prática efetiva de gestos concretos de unidade e fraternidade.

O alimento é tão importante para a vida, que até encontramos uma frase bíblica que diz: “era melhor ser escravo no Egito e ter o que comer do que ser livre e passar fome” (cf Ex 14, 12). Liberdade e fome são contraditórias e ambas são exigências para uma vida digna. Por isto, é indispensável deixar de lado hábitos de natureza puramente egoísta.

Não há partilha e alimento para todos se o ser humano não tirar do foco os próprios interesses. Deve identificar a própria vontade e agir com a de Deus. Corremos o perigo de uma política totalmente desconectada com o interesse da maioria, principalmente daqueles que passam fome, ficando à margem de uma cultura de vida digna.

Não só no mundo político, mas há pessoas que usam da religião como fonte de lucro e privilégios pessoais. Não estão preocupadas com o irmão, mas com o conforto e prosperidade pessoais. O gesto da partilha não é troca de favores, milagres e curas, mas identificação com Cristo, que dá a vida para todos terem vida.

 

(*) Arcebispo de Uberaba

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