ARTICULISTAS

De Dom Benedito

Escrevedor de crônicas, sempre sou apanhado de surpresa na hora

João Gilberto Rodrigues da Cunha
Publicado em 06/08/2014 às 22:01Atualizado em 19/12/2022 às 06:33
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Escrevedor de crônicas, sempre sou apanhado de surpresa na hora de escolher o que ou quem. Parece fácil e simples, um cara na minha idade deve ter tanta e muita coisa para contar que deve ser fácil, o risco maior é as coisas engastalharem para ser a sua vez. Em meu caso, tenho ainda uns amigos que ajudam com ideias pessoais, quase sempre nascidas em suas vidas, cérebros ou necessidades. Agradeço a todos, mas passo na peneira da coisa ou interesse público, muitas vezes pelo lado emocional do sofrimento ou da alegria. Se me fosse possível, a crônica seria sempre de alegria, do prazer compartilhado com meus amigos leitores. Entretanto, hoje o meu escrito não tem a alegria ou o prazer que eu gostaria. O acontecimento é triste, pesaroso, mas tão grande que tenho que “pôr pra fora”. Afinal, e como médico que está na marca do pênalti, quero repartir uma dor especial: morreu nosso arcebispo dom Benedito Ulhoa. Escrito ou falado assim simples, muitas pessoas vão estranhar a minha emoção nesta perda e notícia. Os mais jovens, sobretudo, que há vinte e mais anos viveram a paz e até a bênção desta pessoa tão humilde e excepcional. Nós, os antigos, lembramos os momentos duros e difíceis da autoridade episcopal, quando ela se manifestava vestida das roupas da autoridade suprema, juiz rígido e intratável, o dono absoluto da verdade e do poder na cristandade. Isto aconteceu, eu era ainda jovem, e, como tantos, sofri – na minha pobre carne – um protesto quase de afastamento da minha religião – aliás daquilo que minha santa mãe Elvira me ensinou. Amigos, sobretudo médicos, que conheciam dor e sofrimento, pularam fora daquele barco de doenças. Depois, Deus é grande, mandou-nos em futuro uma reversão cristã, que este santo Benedito veio trazer. De nada vale contar aqui o seu valor intelectual, sua cultura, sua modéstia no poder e na vida. Mais que tudo, ele nos deixa um refrigério de paz, da religião como amor, perdão e vida. Merece sua passagem a lembrança deste homem santo? Não sei dizer ou julgar, mas as saudades e a paz já começaram. Ele escreveu muito aqui neste jornal, e nada ficará em eterno esquecimento. Pelo contrário, tudo que ele viveu e contou vai permanecer. Afinal e infelizmente, não há tantos Beneditos da santidade – vamos lembrá-lo, eu já comecei...

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