ARTICULISTAS

De latão podre e enferrujado

Não exige esforço mental algum compreender que tudo o que existe tem a sua razão de ser...

Manoel Therezo
Publicado em 15/02/2016 às 08:03Atualizado em 16/12/2022 às 20:05
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Não exige esforço mental algum compreender que tudo o que existe tem a sua razão de ser. Ousamos em até manifestar, que em criaturas enfermas em seus momentos terminais, a morte tem o seu melhor sentido. Já ouvimos que o viver se compara a um teatr “Depois que acabar a representação e cerrarem-se as cortinas, só restarão dois personagens: você e Deus”. Grande verdade... “Só restarão dois personagens: você e Deus”. Todos, principalmente os mais velhos, sabem que não estão distantes de assistirem as cortinas de seu viver cerrarem-se, findando mais uma de suas passagens por aqui. Apesar da evolução que naturalmente o faz crescer, raro é o idoso que deixa de ser o que lhe ensinaram a ser. Semeia como lhe foi ensinado a semear. Dentro do lar, seus procedimentos são copiados como exemplos e daí; “Tal pai, tal filho”. Outros que o tempo caprichosamente burilou a sua evolução, por vezes apreciam noutras criaturas que o modo de ser, que o modo de semear, não possuem as mesmas letras das lições que tiveram. Cada qual com o seu modo de ser, com o seu modo de semear, com a sua formação herdada das lições de seu tempo vivido, das experiências que vêm lá de trás. Se lá de trás, quão inteligente também, o pensament “A experiência é um móvel com os faróis voltados para trás”. Na velhice, quase tudo se mantém igual no equilíbrio funcional de seus órgãos. Assim, por razão desse equilíbrio, se tem que o sexo, a inteligência e a voz, acompanham o ser humano por longo tempo de sua existência. Em geral, a velhice não lhe chega repentinamente. Também, as suas perdas fisiológicas lhes são morosas. Tal morosidade tem levado por vezes, algum idoso à pretensão descabida de viver os seus restantes dias com o mesmo fulgor da juventude que tivera. Quanta ilusão!...Os momentos agora lhes são outros. As esperanças são as primeiras perdas que acometem à criatura que envelhece. Deles se despedindo, deixam os seus amanhãs sem sentido, o que vale concordar que: “O homem sem a esperança do seu amanhã, por igual, nenhuma diferença lhe faz se morrer hoje.” Todas as criaturas curiosamente no espelho se olham. O velho também faz isso, por que não? Entre rugas e *melaninas, seu semblante lhe diz agora, que o que passou, passou. O que de ainda lhe resta, é aguardar aquelas cortinas encerrarem mais um de seus momentos por aqui. A vida para todos os seres humanos tem seus dois lados – quando em um, a criatura dele se ocupa na busca de sua evolução. Noutro, a vida parece lhe servir tão só para esperar as coisas acontecerem e, como acontecem... Cada dia mais que se passa, um dia a menos que lhe resta. Por fim, desmoronado pelos desgastes físicos e desesperançado, recebe do Criador por condecoração, a Velhice –, uma medalha de Latão podre enferrujado. Um prêmio que ainda encontra espaço dentro da indignação do homem em evolução.

*Melanina. Pigmentação escura na pele do rosto, nos dorsos das mãos etc...

Manoel Therezo

Professor Emérito da Fac. de Odonto. Ex-Vice- Diretor GERAL das Faculdades Integradas de Uberaba. Portaria Nº 5/76- FIUBE.

manoel _marta@hotmail.com

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