Prometi a mim mesmo não escrever mais nada sobre política. Esquecer o assunto
Prometi a mim mesmo não escrever mais nada sobre política. Esquecer o assunto. A decepção estava cada vez mais profunda. Com o tempo, o idoso vai selecionando suas leituras, suas distrações, seus interesses e abandonando tudo aquilo que pode trazer tristezas e mágoas. Não dá para acreditar, mas deixei de ler a “Folha de São Paulo” para não deixar de ler algo mais construtivo. A filosofia do Garfield e as aventuras grotescas do Haggar me faziam rir. As cruzadas eram um exercício para a memória. Eram muito bons os comentários de fatos internacionais. Algumas crônicas me traziam conhecimentos e esclareciam. Mas dominavam os assuntos políticos, o aumento assustador dos assaltantes, dos corruptos, dos mentirosos, daqueles que roubam descaradamente o dinheiro do povo. Ficaram famosos os mensalões, o golpe da Petrobras, o assalto dos dirigentes máximos do futebol. Um dia me perguntei por que estava lendo aquela podridão? Não me instruem, não me divertem, não me amadurecem, não me fazem crescer culturalmente. Por que, então, desperdiçar os últimos anos que me restam?
Agora explode mais uma. Os roubos dos dirigentes de nosso futebol. O grupo é famoso, Havellange, José Maria Marin, Ricardo Teixeira, J.Havilla, Blatter. Quem está com a razão é mesmo Platini, atacante da seleção francesa: “Estou com nojo de tudo isso”.
Para completar o desencanto, aquele joguinho da seleção de quarta-feira. A gente se lembra das seleções de anos atrás, do Pelé, do Garrincha, do Tostão, do Romário, do Rivelino, do Taffarel. Antes de formarem a seleção, a gente já sabia quem seriam os convocados. Hoje a gente não conhece mais aqueles cabeludinhos tatuados e... é melhor esquecer o Hulk. Fui dormir antes do segundo tempo. Para que perder a tranquilidade? Nós, os idosos, precisamos de paz, de momentos felizes, de amigos fiéis. Para que procurar sofrimento?