É preciso materializar a gratidão. Assim, ela afirmou
É preciso materializar a gratidão. Assim, ela afirmou sem esquecimentos no olhar. Ao final, tive a oportunidade de minhas lembranças não materializadas. Pensei: uma promessa cumprida é preferível a uma esperança desejada. No entanto, o cronista sorriu; é uma oportunidade de enredo; temas há demais. Existem temas que não conseguimos dar um enredo de forma sequencial sem se perder ao longo da narrativa. Creio que isto se replica nas várias áreas da vida e do escrever. Quando começou, por exemplo, a novela Salve Jorge pensei: um tema para os Direitos Humanos e para motivar a militância política no acirramento da luta contra o tráfego humano. Que nada. A autora se perdeu ao longo da história. Quem assiste não sabe mais o que assiste. Hoje, essa novela é de uma mesmice que se aproxima ao nada. Salve Jorge, por que você não se salva? Porque você é como a dengue. A dengue é tema para a saúde pública, é praga que se combate diuturnamente, ainda mais nos períodos de verão, seguidos de chuvas. É um enredo que requer a convergência entre o público e o privado no combate aos criadouros de mosquitos. É como o enredo das encostas; todos sabem que elas descerão quando as chuvas acirrarem as suas gotas. O barraco virá abaixo arrastando homens e mulheres, soterrando crianças e velhos e os seus familiares se apresentarão em rede de sofrimento nacional. A TV estará de prontidão para colher os depoimentos. São temas que merecem um enredo inovador. Até mesmo para evitar o espetáculo do sofrimento. Mas não há prevenção, tanto nas encostas como no combate à dengue. E quando vem o sofrimento fala-se de tudo, quer usar de todos os meios para combater aquilo deveria ser combatido ao longo do ano. A proposta de varredura de vasos do cemitério ou elevar lápides e jazigos como os responsáveis pelos criadouros do mosquito responsável pela dengue requerem fundamentação plausível. É como propor a utilização de aviões no combate desta praga social. O tema dengue é crucial para o enredo ser assim. É morte na certa. Agora, sabemos que os períodos de chuvas nos arrastam para estas situações narradas e não nos precavemos? É um absurdo público e privado. Quando chega o carnaval, tudo está pronto e preparado. Se preparássemos, como se preparam para os eventos, as pragas sociais seriam menos evidentes. E ninguém se prepara? Não pode ser assim, como não pode também deixar tudo a cargo do poder público declinando o privado de suas responsabilidades. Todos têm a sua parcela de responsabilidade. Os temas estão aí querendo enredo racional. Mas, isso é como a materialização da gratidão, que poucos entendem como se consubstancia.
(*) Professor