Certa vez, em crise psicológica, defendi a ideia de debates eleitorais totais e complexos de dois em dois anos. Acrescentei que não era pra resolver nada, porque debate são coleções de promessas, fingimentos e programas a que os futuros eleitos vão dar uma banana, e fazer então e apenas o que realmente querem – e às vezes não podem contar em público. Apenas, em minha opinião, o intervalo de dois anos é curto, e nós todos iríamos nos divertir de graça pelas telas da televisão. Afinal, em conclusão, o povo merece esta diversão gratuita. Não colou a ideia, onde em vez do debate aconteceriam entrevistas individuais de cada candidato, em microfones abertos ao público para suas perguntas e algumas esculhambações engasgadas pelas desilusões com o candidato.
Agora, de passagem, aconteceu o primeiro debate dos nossos atuais presidenciáveis. Um chá de palha, como diria o amigo Zote se estivesse vivo. Bonito, preparado, colorido e fervido... com gosto de palha, ou seja nenhum. Tão sem graça e azarado que caiu junto com jogo de futebol, coisa muito mais animada e de preferência superior. Os candidatos jogaram apenas pra não engolir gol. Apenas um foi lá na frente, afinal não tem nada a perder, e com isto recebeu algumas palmas da torcida. Sobre os outros, como diria o Dino, ficaram em “veremos”.
Aliás, como sempre faço, consultei a opinião sempre sábia e oportuna deste meu companheiro histórico das pescarias na Lagoa da Emendada, Patrimônio do Rio do Peixe, município de Veríssimo, Triângulo Mineiro. A ideia era saber da sua douta e tradicional opinião – o Dino nunca errou palpite desde o dia em que disse que a Dete, com seus quinze anos de filha da Merenciana estava prenha do Filipe, centroavante do time do Cabaçal. E tudo foi bem, casados há 30 anos e felizes. Penso comig - Ah, se a política fosse assim...
Bom, vamos à curta metragem que extraí do Dino, pelo momento. Perguntei, é claro – Qual candidato iria ganhar a eleição. Dino acendeu o pito de palha na binga, e disparou seu curto e gross - A Dirma, doutor! Fui adiante: - Com certeza, e por quê? E ele: - Olha, quem é que pode ganhar eleição do Lula? A Mariazinha ganhou escola pros filhos, de graça e com perua Kombi no transporte. O Zé Gasolina ganha salário desemprego, mas trabalha por conta própria. A Marieta que tem três filhos (um de cada pai) ganha salário-família, todos com bolsa-escola. E remédio barato do Governo, esse tal de SUS que não resolve, mas engambela, e o lote que Tonho ganhou ali na cabeceira do Rio do Peixe, do tal MST, até uma vaca de presente pra dar leite para as crianças – que ele não tinha, vendeu a vaca pro açougue do Veríssimo e vazou na braquiária... Aqui nUberaba é casa pra tudo que é pobre, se vai pagar no futuro... veremos.
Fiquei imaginand o Dino queria continuar, puxei o freio de mão. - Chega, meu filósofo. Não é a Dirma que vai ganhar, é o Lula, que hoje nem sei para onde está voando, enquanto a sua presidenta esquenta a cadeira para 2014.
E fico imaginand pra quê debate, se o baralho está marcado e o Zape tá com o homem?
(*) médico e pecuarista