Enfrentamos, nos últimos tempos, a cultura da diversidade e de atitudes paradoxais. É necessário saber que a valorização positiva da individualidade, da primazia da pessoa humana, provoca também a luta pelos direitos inerentes próprios de cada indivíduo. A consequência natural é o surgimento de conflitos nas relações e na convivência entre as pessoas que fazem parte da mesma família.
Dentro do espírito ainda de Natal, celebramos a Festa da Sagrada Família de Nazaré: Jesus, Maria e José, modelo para todas as famílias. Hoje o ambiente familiar enfrenta grandes e difíceis desafios para conseguir atingir o ideal de seus objetivos, mas também precisa ser espaço fecundo de ternura, bondade, mansidão, humildade, paciência, solidariedade, alegria e amor.
Está em crise aquela orientação presente na Sagrada Escritura, quando diz, lá no Antigo Testament “Honra teu pai e tua mãe” (Ex 20,12). Os genitores são instrumentos da bênção de Deus para os filhos. Mas essa bênção precisa ser realmente concedida de forma concreta, os pais vendo nos filhos frutos da bondade e do amor de Deus. Por outro lado, os filhos devem acolher essa bênção.
Deus está sempre presente na vida familiar, principalmente nos momentos mais difíceis de sua convivência. Foi o que aconteceu com José e Maria, no momento em que o Rei Herodes queria matar o Menino. Foram avisados pelo Anjo que deveriam fugir para o Egito, escapando dessa traição. Os pais são assistidos por Deus, para que desempenhem essa missão tão importante de educar os filhos.
A sociedade moderna carece de famílias verdadeiramente estruturadas, talvez recriadas nas dimensões do espírito cultural dos dias de hoje, com uma nova mentalidade e uma forma modelada dentro das exigências e da responsabilidade que o momento urge. Não podemos descartar o núcleo familiar, porque nele acontece a possibilidade da formação para a vida cidadã e de responsabilidade.
Quando as famílias são unidas, elas projetam e provocam uma nova humanidade, com novo parâmetro de relações sociais e de equilíbrio. Falta muito a relação com Jesus Cristo, de onde brota a capacidade da convivência entre as pessoas de forma mais fraterna. O respeito e a delicadeza na vida familiar são fundamentais para construir a paz tão desejada pelas pessoas de bem.
(*) Arcebispo de Uberaba