Ao longo da vida damos uns passos certos e outros nem tanto. É por andarmos permanentemente que, às vezes, acertamos e, se erramos, frequentemente refletimos se teria sido melhor fazermos ou deixarmos de fazer algo. E se temos prejuízo e não temos como corrigir o erro, experimentamos a certeza de que aquela não foi a melhor das opções.
Recentemente, dei um passo indiscutivelmente errado. Tudo aconteceu porque passei a fazer caminhadas, sempre perto de casa, por recomendação do médic “Contorne o quarteirão e, chegando à sua casa, deite-se com os pés para cima.”
Numa manhã, aproveitei o conselho médico e fui ao varejão comprar frutas, fazendo minha grande caminhada. Deparei-me com dezenas de mamões, uns verdes; outros, mais maduros. Eu queria algum exatamente no ponto de ser apreciado. E não é que achei?! Na banca das bananas, também consegui as frutas no ponto exato. A moça do caixa separou as bananas e o mamão em duas sacolas. Então comecei minha jornada de volta. Na quadra de futebol da Praça Carlos Gomes, dois jovens batiam uma bolinha. Estava um em cada gol, brincando de chutar a bola para a rede do adversário.
Segurando as sacolas com minhas preciosas e bem escolhidas frutas na mão direita, de repente levei uma bolada e tanto na perna, ao passar justamente no rumo de um buraco que fica atrás das metas, na rede que cerca a quadra, buraco que apareceu por causa dos potentes chutes de frequentadores da quadra. O pior: a bola acertou bem nas frutas tão bem escolhidas e as sacolinhas foram ao chão.
Assustado, olhei desolado para as sacolinhas, que foram parar longe. Duas jovens senhoras que faziam caminhada pela pista da praça vieram em meu socorro. Perguntaram se eu estava machucado e comentaram, enquanto catavam as sacolas: “É um perigo passar por aqui quando jogam bola na quadra!”
Notei que os dois jovens nem se preocuparam com a situação. Até estranhei não me pedirem para jogar a bola de volta. Agradeci às senhoras pela ajuda e segui meu caminho. Em casa, constatei que não tinha mais o mamão e as bananas, mas uma pasta de mamão e outra de bananas, cada qual numa sacola. Se houvesse comprado tomates, teria massa de tomates. Analisei a situaçã andando alguns segundos mais devagar ou mais depressa, não teria ficado na trajetória da bola e estaria comendo saborosas frutas em casa.
Convenhamos que, literalmente, o passo que me fez alvo da bolada foi um erro. Mas se eu fosse olheiro à procura de craques de futebol, teria entrado na quadra e contratado o garoto do superchute... Enfim, sem mamão e sem bananas, pus os pés para cima, conforme a recomendação médica.
