ARTICULISTAS

Desconforto

Vem pra rua que a rua é a maior arquibancada

Gilberto Caixeta
gilcaixeta@terra.com.br
Publicado em 18/06/2013 às 20:05Atualizado em 19/12/2022 às 12:26
Compartilhar

“Vem pra rua que a rua é a maior arquibancada do Brasil.” A propaganda de automóvel ao fundo com imagens de pessoas correndo ao som da música foi o presságio da articulação dos jovens saindo às ruas do país para protestar contra os gastos na Copa das Confederações e, principalmente, o valor das passagens de ônibus, seguido da má prestação de serviço no transporte público. Quem se surpreendeu com os fatos fomos nós. Os fatos existiam em pensamento, só que não era falado nos clubes corporativos, no centro acadêmico, nos sindicatos, nas Câmaras Municipais... mas é falado pelas redes sociais. Os modelos tradicionais estão corrompidos, abduzidos pelo mito do Lulismo. Vários estudantes deixaram de crer em suas associações estudantis, que são meros fabricantes de carteirinhas, para exercitar, em outro nível, as suas relações políticas. No entanto, ficou a ideia de que eles não mais pensavam, sonhavam ou agiam por uma causa que não fosse os de seus interesses pessoais. Fomos surpreendidos pela juventude novamente na rua. São jovens entre 20 e 27 anos. A ação gerou opiniões várias, divergentes. Algumas por demais conservadoras, agressivas. Outras cheias de ilusão, romantismo, ineditismo. Os governantes, eles mesmos, não sabiam o que pensar, e, por isso, não souberam agir a não ser repreender a manifestação social. É um equívoco, é antidemocrático e gera modismo. O descontentamento social aflorou sem romantismo, pelas agulhadas finais que levaram ao sangramento. São as agulhadas dos planos de saúde que não atendem a contento àqueles que o pagam; é a da Copa das Confederações e os gastos exorbitantes na construção de estádios de futebol em capitais que nem time de futebol têm. E mesmo que tivessem, são recursos públicos a serviço dos privilégios privados. É o anúncio da desoneração da cesta básica; mas os preços dos alimentos contribuam a subir. As instituições públicas de ensino superior formam universitários que em nada ou pouco dão de retorno à sociedade. Essa ideia de passe livre para estudantes que não têm compromisso com a sociedade que paga seus estudos é ser injusta com os trabalhadores que não têm meia-entrada e nem passe livre. O movimento social que tomou as ruas das capitais, e que agora surge em algumas cidades, tem na sua liderança jovens idealistas, mas não românticos em seus embates sociais. Sabem como enfrentar o poder. São universitários que não negam os seus envolvimentos políticos e partidários e nem escondem a estratégia de convocar setores sociais que são capazes de praticar a violência. Mas isso não é o fundamental. A tropa de choque, acostumada ao choque, ao embate corporal, não foi para a rua afagar e garantir a manifestação. Ao contrário. Por isso erraram. A verdade é que tudo isso nos leva à reflexão de perceber que nada se estaciona na zona de conforto porque sempre haverá descontentes a alertarem sobre tudo.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Logotipo JM OnlineLogotipo JM Online

Nossos Apps

Redes Sociais

Razão Social

Rio Grande Artes Gráficas Ltda

CNPJ: 17.771.076/0001-83

Logotipo JM Magazine
Logotipo JM Online
Logotipo JM Online
Logotipo JM Rádio
Logotipo Editoria & Gráfica Vitória
JM Online© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por