Realmente, o fluxo de automóveis e de outros meios
Realmente, o fluxo de automóveis e de outros meios de locomoção tem feito das cidades um caldeirão de descontentamento, principalmente aos que precisam se deslocar nos horários de pico, porque simplesmente não se deslocam. E como não há política pública de substituição de carros sucatas e só se incentiva à aquisição de novos veículos, sem um transporte público de qualidade, a tendência é o agravamento desse quadro, se não houver ações eficazes que viabilizem a mobilidade urbana. Precisamos de corredores para ciclistas, faixas para pedestres e falta espaço para carros e correlatos. É uma equação que não se fecha. Equivale-se ao passe livre e a não majoração dos preços das passagens no transporte público, cuja prestação de serviços é feita por concessionárias privadas. É preciso buscar a convergência, principalmente quando falta entendimento. A todo instante vemos motoristas feras ao volante, como se essa irritação melhorasse o fluxo urbano. Quando nos deparamos com aqueles que chamamos de roda presa, a nossa irritação potencializa por que eles travam o trânsito, enquanto passeiam com os seus animaizinhos de estimação no colo. Em época que se quer regulamentar o transporte coletivo para cães, deveriam estender o olhar para aqueles que os carregam em carro de passeio. Sabemos que a combinação motorista e condições viárias é fundamental para a saúde mental. E é lógico, sem nos esquecermos dos motociclistas... A engenharia de trânsito, portanto, tem desafios a serem superados, que não ocorrem sem rupturas radicais aliadas a intervenções inovadoras na malha viária da cidade. Ainda mais quando a cidade é marcada por gargalhos viários e pela ausência de refinos urbanos que deem sustentação ao conjunto responsável pela locomoção social. Muito se tem feito para melhorar o trânsito em Uberaba, mas as questões pontuais permanecem e as mesmices prevalecem em detrimento do coletivo. Às vezes, nó nos depararmos com o inexplicável, como é o caso da rua Onofre da Cunha Resende – Medalha Milagrosa –, que cruza a avenida Santos Dumont e se encerra na rua Ituiutaba. Inovaram; construíram uma rotatória e instalaram dois semáforos para que parte daquela rua recebesse um fluxo de mão dupla. Interessante aquela mudança. Todas as ruas paralelas a ela, descem para a avenida Santos Dumont e a coisa mais difícil é sair dessa avenida rumo ao bairro. Aquela rotatória na rua Onofre da Cunha Resende em nada contribuiu para a fluência no trânsito; creio que ocorreu o contrário. Esses arranjos que resolvem situações residuais para atender especificidades desmancham uma engenharia que se pretende racional. Tenho consciência da pedreira que é dar fluidez ao trânsito em nossa cidade, fundamentalmente naquelas regiões marcadas pela tradição e influência, mas é preciso enfrentar esse legado em vez de deixá-lo como herança.