O que está em jogo é o país, a governabilidade de uma nação de milhões de brasileiros. O fundamental, que envolve esta data, é a serenidade e a responsabilidade que pesa sobre cada cidadão, sobre quem estão depositados o significado e o valor do voto consciente. Nenhum dos cidadãos deveria trair este importante dever cívico, omitindo-se na decisão de escolha, votando em branco.
Votar em branco significa desconfiar da classe política e não confiar nos políticos. Às vezes, a pessoa até diz confiar só em Deus. Mas Deus conta sempre com a ação política dos políticos para a administração pública. Se o eleitor não consegue enxergar quem é um bom político, pelo menos deve votar no que ele achar ser menos ruim. É bom ter em mente que ninguém é totalmente perfeito.
Só Deus é onipotente e perfeito, mas é possível aproximar-se dessa perfeição quando os critérios de ação são assumidos na liberdade e na fidelidade à sua Palavra. Essas atitudes envolvem, com muita profundidade, a prática da fé cristã, porque aí está o princípio motivador de uma boa e saudável administração dos bens da criação, da coisa pública, favorecendo a dignidade do ser humano.
As consequências de uma eleição são imprevisíveis. Já foi muito citado que ninguém tem estrela na testa. Digo que todos têm história de vida. Para Deus, o necessário é a prática da justiça antes e depois das eleições. Há muitos candidatos ímpios, sem caráter e despreocupados com as realidades sociais. Só atuam na área quando percebem que existe situação que traz benefícios pessoais.
A situação da falta de credibilidade naquilo que envolve o mundo da política brasileira está muito complicada e desperta nos cidadãos o uso de uma das expressões dos discípulos de Jesus Crist “Aumenta a nossa fé” (Lc 17,5). O Papa Francisco fala de não deixar que nos roubem a esperança, mesmo sabendo que ela seja a última que morre. O importante é acreditar no sucesso da nova gestão.
O Brasil precisa recuperar sua identidade como país pujante. Essa confiança exige de todos os eleitores a superação de critérios mesquinhos, politiqueiros e extremistas, para escolher quem é capaz de fazer a nação avançar. Não ficar apenas focado na escolha do novo Presidente da República, mas olhar com carinho para os novos governadores estaduais, senadores, deputados federais e estaduais.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba