ARTICULISTAS

Dilma versus Lula

Estou assistindo a uma revolução histórica – ao menos para mim

João Gilberto Rodrigues da Cunha
Publicado em 28/09/2011 às 20:57Atualizado em 19/12/2022 às 22:06
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Estou assistindo a uma revolução histórica – ao menos para mim, que nunca imaginei ter uma mulher na Presidência da República. Fui criado no machismo político, que de vereadores pra cima só admitia barba, testículo e calça comprida. Mulher era artigo de cama e mesa, cozinha e tanque de lavar roupa. Algumas que se arriscavam à política e ao poder eram consideradas viragos (explica, Fernand mulher macho).

Passei cinquenta anos nesta crença social, que somente agora está derretendo – um bom sinal dos novos tempos. Ainda e recente, lembro-me que apostei na eleição da Dilma, ali no Uirapuru, e meus colegas perderam boas cervejas por ter aquela teimosia antimulher. Não adiantou eu lhes contar que mulheres mandavam na Inglaterra, na Alemanha, nos Estados Unidos, no Chile, na Argentina e mais coisas. A resposta que me davam era sempre a mesma: mulheres são frágeis, despreparadas, incompetentes, medrosas etc e tal.

Bem, vem o Brasil e Dilma é eleita. A turma está assustada, já lhes escrevi a fábula das rãs do brejo pedindo um rei, Zeus lhes mandou um cacete de aroeira barulhento e sem ação, reclamaram e Zeus mandou-lhes uma cegonha, que foi logo comendo os atrevidos ao seu redor: paz na lagoa.

Desculpem-me agora os lulistas fanáticos, que esperavam tudo do seu rei. Lula foi realmente uma cacetada naquela política dos nobres e tradicionais. Vão se acabando aquelas genealogias eternas de avô para pai para filho para neto governando tudo e todos. Entrou muita gente nova no campo, a bola correndo rápido, tudo novo nos poderes e natural desenvolvimento. Aconteceu que aquela orgia inesperada do poder foi embriagadora e as coisas foram se “abrasileirando”. Ou seja, um mensalãozinho, umas facilitações e enriquecimentos inesperados, aquela história de trânsito fácil para os amigos do rei. O próprio PT, desapontado, gemia igual leitão novo sem maminha pra chupar. Deu no que deu: Lula, inteligência e sentimento, indicou Dilma para sucedê-lo.

Não vale agora julgar o futuro, sempre surpreendente, pensando que Lula vai dar um chega pra lá na Dilma em 2014. Peraí, minha gente: a presidente é cegonha, está limpando o galinheiro. Gente que mamava está chorando, gente que era contrária está assustada com a coragem e revendo seu conceito histórico da fragilidade feminina. No meu pensar simplório e objetivo, a grande diferença é que Dilma não governa pensando em ser novamente presidente – entendeu, meu caro Watson? Elementar, diria Sherlock Holmes. O mundo e nós lá do Rio do Peixe estamos respeitosos e felizes.

(*) Médico e pecuarista

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