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Domingo de carnaval

Estimado leitor, a história que se vai ler abaixo, infelizmente, é uma história do passado, impossível de acontecer nos dias de hoje

Mozart Lacerda Filho
Publicado em 14/02/2010 às 19:35Atualizado em 20/12/2022 às 08:07
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Estimado leitor, a história que se vai ler abaixo, infelizmente, é uma história do passado, impossível de acontecer nos dias de hoje. Quando ele acordou, já era mais de duas da tarde. Na boca, sentia o amargor da noitada anterior; no estômago, o desarranjo dos excessos, e no restante do corpo, câimbras lembravam-lhe o quanto a noite fora animada. Ainda deitado, procurou recapitular os acontecimentos vividos e dar-lhes um mínimo de sentido. Na véspera, havia saído de casa perto das oito horas da noite, com o intuito de encontrar os amigos para, juntos, decidirem aonde pulariam a primeira noite de carnaval daquele ano. Ao se encontrarem, foram todos para a Praça da Mojiana, onde a Banda Santa Cecília tratava de animar a galera. A prefeitura, para a comodidade e segurança de todos, fechou as ruas que davam acesso à Praça, e o carnaval rolou solto. Nas cercanias, era possível ver os carros com placas dos mais variados lugares. Uberaba, em época de carnaval, ficava completamente lotada. Do alto do palco, montado a céu aberto, os integrantes da banda executavam, com muita maestria, várias marchinhas de carnaval e o grupo de amigos se divertiu a valer.   Por volta das onze da noite, foi sugerido que descessem para o baile do Uberaba Tênis Clube, onde a banda Califórnia já estava a postos e preparada para não deixar pedra sobre pedra. Também pudera: músicos do mais alto gabarito comandando dois trompetes, dois saxofones, dois trombones de vara, três vocalistas, guitarra, contrabaixo e mais uma bateria composta por dez pessoas não tinha como fazer feio. Isso sem falar do salão de vidro, um dos mais imponentes de toda a região, que, naquele ano, estava especialmente decorado. Sem delongas e aproveitando o excelente clima de festa, o grupo, novamente, caiu no samba. Mesmo com toda essa animação do baile do Tênis (como carinhosamente o clube era chamado), foi consenso quando alguém sugeriu darem uma olhada em como estava o agito no Clube Sírio Libanês, no qual o Som Especial Sete, uma das bandas mais queridas da cidade, comandava a festa. À entrada, o que chamou atenção do grupo foi a maneira elegante das pessoas se vestirem, demonstrando o cuidado com que elas encaravam um baile de carnaval.   Da entrada, ouviram o tradicional taram taram taram taram..., que sempre era tocado quando o baile se iniciava ou quando os músicos voltavam dos intervalos. No salão, foram recebidos por uma chuva de confete e serpentina, lançados por pessoas, que, animadas, se divertiam na festa de Momo e, mais uma vez, não economizaram na folia. De repente, ele percebeu que um par de olhos o acompanhava pelo salão. Aproximaram-se um do outro, cumprimentaram-se e o restante da noite transcorreu da forma mais perfeita. Já era dia claro quando foi para casa dormir. Depois de se lembrar dos principais eventos da noite anterior, tratou de se recompor. Afinal, era só domingo de carnaval e ainda havia três animadas noites pela frente. Olhou-se no espelho e não deu conta de conter o riso de felicidade.

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