ARTICULISTAS

Dona Olga e Seu João

Guerreiros e revolucionários ao longo de suas vidas, não se esmoreceram frente às adversidades

Gilberto Caixeta
gilcaixeta@terra.com.br
Publicado em 14/12/2010 às 18:28Atualizado em 20/12/2022 às 02:40
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Guerreiros e revolucionários ao longo de suas vidas, não se esmoreceram frente às adversidades ou ao acaso do infortúnio. São guerreiros por natureza, revolucionários por opção. Ela e ele palmilham a existência em conduta de partilhada entre filhos e filha, ampliados pela presença de noras e genro, netos e netas. Ela de um jeito simples acaricia a todos no silencioso olhar do amor, beija seus netos com a doçura do mel.

Quando disse sim no altar ao seu João, disse porque sabia que era um sim para sempre. Fez a sua parte para que as coisas transcorressem o mais suave, agora, depois de 50 anos ratificaram-se em Bodas de Ouro o que já sabiam ao se conhecerem, que o enlace seria para sempre. Não um para sempre com idas e vindas, com desarmonia e desencontro, mas juntos, juntinhos. De um gostar declarado, até mesmo nos momentos sofríveis, sem se esquecerem daqueles que os alegraram.

Dona Olga tem um olhar meigo de menina romântica, seus traços melancólicos não são de dores, porque se abrem em sorrisos ao ver a sua prole cercada de carinhos e de cuidados. Recebe sem perceber o que sempre concedeu ao longo de sua vida: amor e carinho, solidariedade e afeição... Ela é de uma fé cristã inabalável, sempre acreditou que as coisas boas são feitas para darem certo, portanto, deve-se dedicar a elas.

Seu João tem um sotaque arrastado, se fez na lida carreando gado, dormindo ao relento, buscando no trabalho o sonho de uma vida acolhedora para os filhos. No mundo do trabalho, os obstáculos eram fortalezas pessoais, confirmando a sina do construir, do fazer, do acumular sem perder a nobreza d’alma. Ele conhece os caminhos, os córregos, os animais e aves que compõem a arquitetura do chapadão, e sabe quão importante são para o enlace entre os homens e a natureza.

Da harmonia dos campos, inobstante a labuta de carrear o gado em noites escuras e chuvosas, ou em noite estrelada, os uivos dos animais despertavam a sua audição de desejo de retornar ao lar. Levava, assim, a confirmação de seu sim a Olga. É ela quem ele quer para sempre ao seu lado, permitindo Deus, ele a quererá também na eternidade. Sua paixão por Dona Olga é de adolescente, ciumento, como se fosse recém-casado.

Carregam, então, os seus troféus de filhos como Esterina e Túlio e João; síntese de suas existências em novas existências que se fazem e se principiam. Esterina, casada com Renato, lambe as crias como a mãe. Ela é ternura amiga a acalentar, é de uma dureza firme a quem sonega compaixão. Renato tem por ela ciúmes de pinguim. Túlio é rei. Carrega na barriga o desejo de só ser feliz e alegrar, casado com Nilvana, tem o mundo nos olhos. João Batista em formalidade anfitriã, contrasta com a informalidade da esposa Joaninha.

Todos têm as suas crias, são meninos e meninas centrados no quotidiano familiar, salivando para o mundo. Primeiro acolhidos no seio familiar para depois se aventurarem no mundo, carregando as suas historias e as escrevendo. Feliz Natal a todos aqueles que se enlaçam no carinho familiar e fazem deste encontro escadarias de aprendizagem. Que veem nos encontros não a casualidade da vida, mas sinais de oportunidades que se deve construir todos os dias e comemorar no Natal, e nos encontros que a vida nos oferece, mesmo quando estamos com as asas quebradas ou em convalescência.

 

(*) professor

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