O Brasil ficou alguns anos à espera desta copa
O Brasil ficou alguns anos à espera desta copa em que nós todos colocamos esperança. Já contei por aqui escrito meu terrível sofrimento, ano 1950, eu jovem estudante no Rio de Janeiro, ali no Maracanã mal terminado. Nosso time era terrivelmente superior ao do Uruguai, goleamos a máquina espanhola por 6 a 1, e a Espanha era considerada o bicho papão daquela Copa. O Uruguai seria moleza, fizemos um a zero e começamos a cantar e gritar no segundo tempo. Aquele segundo gol no Barbosa foi espírita, castelo e flagelo, voltei para a pensão da dona Fia sem falar e até sem chorar – como todos os brasileiros. Agora vou ver na televisão, como 95% dos brasileiros... e se acontecer desgraças ninguém vai me ver chorar: fui vacinado. Depois, tantos anos se passaram, que meu Brasil é outro. Ligando em esperança a TV, começo a suar nas mãos. Em 1950 a TV monopolizava esperanças, alegrias, a esperada vitória. A decepção pós-jogo foi dura, triste, sem lágrimas, mas de cabeça baixa. Ninguém foi quebrar vidraças, ameaçar os políticos do poder, agredir bondes, queimar ônibus, pedir uma desesperada mudança dos poderes em pré-eleições. Hoje fico bem longe, como diria o Dino, a coisa está cheirando a chifre queimado, a fermentação já explodiu, não sabemos o que poderá acontecer... se por cima de tudo o Brasil perder. Não é preciso ser mero cronista de interior, a chaleira quente está lá nas capitais, Rio, São Paulo, Brasília e etc. Pior e agravante, estamos em vésperas das eleições que virão logo em seguida. Tudo que aconteceu nos campos verdes e nas traves dos gols são coisas de fermento e alto risco. Dona Dilma parece que nunca jogou futebol, não sente dor ou paixão com o nosso povo. Se acordar de verdade, saberá que grande parte destes ódios e inseguranças atuais está no gancho da insegurança jovem, trabalhadora e sem transportes dos trilhos e da ordem pública. Penso, posso estar errado – sou jovem (!) inseguro em política, mas conheço pé de manga quando está maduro e carregad é bom não passar por baixo. Meio entre esperança e medo, vou ligar minha TV: gol de Fred! A Copa é nossa!... Queira Deus, e um AMÉM bem forte!