Meu bom e teimoso leitor vai dizer: João, não é, foi ontem
Meu bom e teimoso leitor vai dizer: João, não é, foi ontem! Pois é, meu amigo, aí está um defeito trágico do nosso pov coisa boa, logo que acontece... já foi. No contrári coisa ruim e trágica não se esquece – os desastres das rodovias, os assassinatos de bandidos urbanos com resposta de assassinatos que a polícia devolve, as ruindades publicadas na imprensa, na TV, na boca do povo. Não sei se você reparou, meu amigo, mas a conversa das rodas sociais, profissionais e de toda espécie passaram pelo ano se repetindo. Cá entre nós, o horror teve sempre mais bilheteria que o amor. Vem daí a minha lástima e sust apenas nos dias de Natal este espírito de malignidades está sufocado. Chegam os parentes e amigos distantes, as ceias e abraços na família, os votos de Feliz Natal são distribuídos entre conhecidos e desconhecidos, amores antigos rejuvenescem, amores novos são descobertos, abraçados e beijados. Nestes dias o mundo é paraíso, é sonho, é amor geral e compartilhado. Vem daí o meu suspiro, companheiros de leitura e sonhos: como seria bom se todos os dias da nossa vida fossem natais! Não vamos conseguir isto, eu sei – mas é possível e necessário fazer força. É importante a reunião da família, os presentes recebendo e abraçando os ausentes. No meu presépio roceiro a família José, Maria e Jesus é central, mas é pequena. Importante é ver quantos desconhecidos ali estavam, desde os Reis Magos até os humildes pastores... Na minha visão de hoje aí estão Jesus, Maria e José. Porém, o importante é que estamos em seu redor, nós os pastores de hoje, num mundo triste e sem aquela estrela para nos guiar. Entretanto... é Natal, sempre repetindo a história através do tempo. Ele passa, nós e os outros humanos devemos preservar a coisa maior que foi a lição – aquela estrela do Natal, dizendo-nos que o amor deste dia somente será justificado pelo Amor permanente na vida dos que merecem o anúncio históric os seres da boa vontade. Se isto for conseguido, por certo que teremos um mundo melhor. O Natal de ontem não passou, companheiros. Está lá dentro do coração de cada um, segurando a chave da felicidade...
(*) Médico e pecuarista