E nem assim emendamos

Definitivamente. Não temos cultura que possa ser classificada como preservacionista em ralação à natureza. Primeiro plantamos, gastamos com a conservação, aprendemos admirar e depois descobrem que a planta está doente ou pode nos causar doença. Daí para a sua decapitação, como diria o poeta Zé Ninguém:  “é  do pé pa mão”. Passei pela Pça. Vicentino Rodrigues da Cunha num dia, enchi meus olhos com o seu visual botânico como sempre e, no outro, só restavam os tocos de 10 palmeiras ali plantadas há quase vinte anos. Veio-me ao coração a figura do saudoso paisagista Natal Reginaldo Roldão que vi selecionar a dedo aquelas mudas.

Até quando nossas plantas, diga-se as árvores “comprometidas”,  que não falam,  são imóveis e jamais recorrerão a uma autoridade; terão fim melancólico sem que lhes sejam aplicados medicamentos ou recursos anunciados aos quatro ventos? Há algo que as nossas autoridades “especialistas em corte” precisam se ater, é quanto ao impacto que causa uma devassa de árvores. Pela Praça da Exposição passam 90% dos nossos visitantes e, sem nomear outros, vale lembrar que duas escolas estão a poucos metros daquele local. Pergunt - O que cada visitante ou aluno sentiu quando viram 10 palmeiras mortas estendidas no solo? Até que não se explique, fica o rótulo de um crime ambiental. Péssimo exemplo para as gerações de hoje e futuras.

Somos também pobres em campanhas. Por que não informar antecipadamente à comunidade que essa ou aquela árvore oferece perigo à saúde humana e por isso será sacrificada? Essa seria uma ótima lei que a Câmara Municipal poderia criar e mais, com a simpatia da população. É que a motosserra tem pressa e seu ronco soa mais alto. O pior é que, lei sugerida pelo cidadão comum, não vale...

Enquanto isso árvores frondosas vão caindo pela cidade em nome do progresso. Progresso? Aqui nossas homenagens póstumas à imensa e bela Sapucaia derrubada no Bairro Fabrício no dia 20/09/2013. Ficará por isso mesmo? Onde estão os grupos de defesa do meio ambiente?

Ouvi de um cientista:- “Para cada folha de uma árvore, existe sua micro raiz correspondente no subsolo. E para cada árvore sacrificada, existe um pulmão humano que um dia chorará a ausência da árvore”. E nem assim emendamos.   

(*) PRESIDENTE  DO  FÓRUM  PERMANENTE  DOS  ARTICULISTAS  DE  UBERABA E  REGIÃO; MEMBRO  DA  ACADEMIA  DE  LETRAS  DO  TRIÂNGULO  MINEIRO

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