Não sei meu amigo, se você se lembra dos Meninos dos nossos tempos, lembra-se? Pois é... Tudo está mudado...
Não sei meu amigo, se você se lembra dos Meninos dos nossos tempos, lembra-se? Pois é... Tudo está mudado. Naquele tempo, os meninos andavam descalços, sem camisa, despreocupados porque não havia perigo de nada. Alguns, onde fossem, rodavam um pneu velho. Outros, com uma rodinha presa na ponta de um cabo de madeira, andavam com aquilo por todos os lados. Quase todos com um estilingue, viviam atirando pedras nas mangas madurinhas lá dos altos galhos das mangueiras. Andavam sobre os trilhos da maria-fumaça que os meninos de hoje nem conhecem. Os homens acabaram com ela, mas vão se arrepender, espera... Não sei se você também fazia isso? Os Meninos dos nossos tempos, cuidadosamente amassavam bem a manga até ficar molinha por dentro. Depois, faziam um buraquinho de lado para chupar devagar. Quando não tinha mais nada pra chupar, tiravam a casca e raspavam o caroço nos dentes inferiores até ficar limpinho. Depois, lavavam e punham para secar. Quando sequinho, com carvão fazia nele, os dois olhos, duas pintinhas que eram os buracos do nariz. Embaixo, um risquinho—era a boca. Andavam com aquela caretinha no bolso da calça, até nem sei pra quê?!... Os Meninos dos nossos tempos, não tinham a Internet, mas tinham tantas coisas. Tinham as bolinhas de vidro para dar aquela forte estécada nas bolinhas do adversário com intenção de parti-las, se lembra? Não tinham o computador, mas tinham o pião que, nas mãos dos Meninos dos nossos tempos, rodava na fieira e sem chegar ao chão, no golpe que sabiam dar, voltava na palma da mão do garoto e dali, para a unha do polegar. Eu vi muitos fazendo isso. Não tinham o computador, mas tinham as pipas com tamanhos e cores variadas. Também, punham soltas na linha, argolinhas de papeis coloridos que o vento as fazia subir chegando junto à pipa, bem lá pertinho do céu. Hoje, nem os meninos e nem os marmanjos sabem fazer pipas. Vemos meninos com a sua totalmente errada, tentando sem sucesso leva-la as alturas. Mesmo lhe mostrando o erro, não adianta. Não acreditam. Foi o papai quem comprou—um papai que não foi o Menino dos nossos tempos—de pipas, aquele papai não sabe nada. Os meninos de hoje tem computador para navegar—mas não tem as figurinhas dos nossos ídolos daquele tempo para troca-las no jogo do bafo. Nunca brincaram de “Pique”, do “Trato e não se mexa”, de “Passar a morte” que varava semanas e semanas. Não conheceram o Tarzam que nos encantava com o seu grito que a gente gostava de imitar pulando nas cordas amarradas nas mangueiras. Não tem os meninos de hoje, os filmes que nos embeveceram. Como nos esquecer do Flash Gordon no planeta Marte e no planeta Mongo? Da rainha Zurra com seu estranho revolver? Hoje, aquele estranho, é o Raio Laser. Do Clyde Beaty em “Deusa de Joba”, que se defendia hipnotizando o leão, ao invés de mata-lo com aquela faca pontuda. Ah!... Vou lhe dizer uma coisa muito séria meu amigo. Se os meninos de hoje, tivessem aquela mãe dos nossos tempos, que cheirava o filho para sentir se havia bebido ou fumado, (pelo amor de Deus...), jamais desejariam conhecer o cigarrinho de maconha, o Crack e outras coisas mais. É O QUE ESTÁ FALTANDO.