Outra vez, nos moldes de junho de 2013
Outra vez, nos moldes de junho de 2013, estamos sob a pressão da juventude. Adolescentes se unem através das redes sociais e aos milhares colocam o país em polvorosa. Engenharam o “rolezinho”, palavra derivada de rolé que nos dicionários Houaiss e Michaelis quer dizer: giro, passeio, volta pelo bairro. O termo é coisa antiga, mas a falta de informação nos faz achar que é algo novo.
Depois de tudo que já presenciei, li e ouvi não me resta outra conclusã a falta de líderes (bons) para se espelhar leva, como sempre levou, a juventude à busca de seus próprios caminhos. A história registra que nenhum movimento social é ou foi culminado sem a participação do jovem. A guerra sim; essa foi inventada pelos velhos (e não idosos), para os jovens morrerem.
O leitor Luiz Thadeu Nunes e Silva, da Folha de São Paulo, diante do pânico que os rolezinhos provocam nos shoppings e logradouros públicos, indagou na edição de 18/01/14: “Por que esses jovens não fazem rolezinhos em bibliotecas, hemocentros ou asilos?” E eu emendo a pergunta: Quem se habilita a convidá-los em vez de afugentá-los? O mundo sabe que quanto mais se proíbe um jovem, mais ele quer provar que pode. O rolezinho de hoje é essa prova contundente.
Em Uberaba também temos os nossos rolezinhos e até vi a ocorrência de um deles na feira da Pça. Dr. Jorge Frange. Foi de arrepiar quando de uma rua surgiu um turbilhão de adolescentes e invadiu de repente a praça. Moços e moças se agrupavam travando diálogo liberal infundindo o medo em feirantes e clientes. A polícia estava ausente, mas se lá estivesse, o seu melhor papel seria o de se conter porque a maioria dos “roleagentes” é menor de idade e abordá-los requer muita arte, senão... A única alternativa restante aos incomodados foi a de se retirar.
Liminares judiciais, bombas de efeito moral, cacetetes, prisões, fechamento de shopping, exigência de acompanhamento dos pais, etc., terão efeitos paliativos diante do poder de informação que o jovem de hoje possui. E põe criatividade nisso! Portanto, todas as técnicas de persuasão ou intimidação até aqui utilizadas pelos pais e autoridades em relação ao jovem, receberam uma avaliação direta: precisam ser revistas. Pena é que os pais de hoje, sem perceber, têm terceirizado parte da criação de seus filhos e as autoridades ficadas tão distantes.
E o que fazer com os rolezinhos? Disse Napoleão Bonaparte no auge de seu poder: “No amor e na guerra, para vencer, tem que se aproximar.” Eis a questão.