Não sou cientista político e menos ainda analista técnico do assunto. Sei apenas que tudo passa pela política, queiramos ou não. “O homem é, por natureza, um animal político”, disse Aristóteles. Somos seres essencialmente políticos; porém, não animais, e assim me posiciono. A vida em sociedade sem o exercício saudável da política seria impraticável.
Estamos assistindo a corrida eleitoral rumo ao Palácio do Planalto, onde o vale tudo está explícito. Dilma Roussef (PT), buscando a reeleição, junta-se a Aécio Neves (PSDB) num pont em dupla, batem sem dó em Marina Silva (PSB). Nada mais insensato para quem quer vencer a eleição. Enquanto recebe ataques, Marina soma pontos nas pesquisas, dizem as estatísticas.
Os especialistas em marketing se esquecem de que nós, latino-americanos, gostamos de mártires e agimos muito pela emoção, em detrimento da razão. Os bordões “Bate que eu gamo” e “Me engana que eu gosto” fazem parte do nosso panorama sentimental. Nesse mesmo cenário está a queda que temos pelos espezinhados. Dilma e Aécio, batendo em Marina, convenhamos, é chamar o povo pra briga, e a sua arma de defesa é o voto.
Não faço prognósticos como se estivesse declarando meu voto a Dilma, Aécio ou Marina. Simplesmente vejo esse “balaio dê gatos” (frase de Jânio Quadros) com muitas reservas. Quanto mais Dilma e Aécio se julgam os tais sobre Marina, mais ela se recolhe em sua estratégia de explorar o lado piedoso do eleitor.
Os marqueteiros devem estar rindo dessas minhas considerações. Eh, mas a nossa história recente registra que Wagner do Nascimento, enfrentando o poder, até 15 dias antes do pleito municipal em Uberaba/1982 tinha poucas chances de se eleger. Suportando ironias e críticas, Wagner soube usar de forma ilimitada a compaixão dos votantes e, resultad foi eleito com votação esmagadora.
Dilma, Aécio e senhores marqueteiros, se querem obter votos, não tentem tirá-los de Marina, achincalhando-a. Quem se sente mal com o sucesso do outro gasta a energia que deveria usar para crescer. Eis a questão.