Como tudo está mudado por causa da pandemia de coronavírus, as eleições municipais deste ano serão em novembro. Os candidatos já estão por aí batendo em nossas portas. É hora de encarar essa realidade bonita de cidadania com responsabilidade, com critérios humanos e dimensão cristã, porque política é a arte de construir o bem comum para favorecer a vida das pessoas.
O exercício da política precisa motivar as pessoas a assumir uma lógica fundamentada nos valores de Deus, incompatível com as hodiernas ações humanas. A lógica de Deus diz: “Os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos” (Mt 20,16). Não é a obsessão pelo poder que valoriza a pessoa, mas a sua capacidade de servir a população refugiado numa prática de humildade.
No dizer do Papa Francisco, “A boa política está a serviço da vida e da paz”, porque ela pode construir dignidade humana e bem comum. A missão não é só dos candidatos e dos eleitos, mas todas as pessoas precisam fazer alguma coisa. Continua Francisco ao afirmar que “um bom católico interfere na política, oferecendo seu melhor para que o governante possa governar”.
No exercício da política as pessoas precisam assimilar a maneira de pensar de Deus, com base nos ensinamentos de sua palavra. O compromisso democrático não significa apenas apertar os botões da urna eletrônica, mas acompanhar a ação realizada pelos eleitos cobrando deles atenção em relação às necessidades do povo, principalmente daqueles desprovidos do necessário para a vida.
O poder político não pode ser entendido como um privilégio, como espírito de competição e nem como cabide de emprego, mas serviço para todos indistintamente. É questão de cidadania e de submissão aos princípios da Constituição Federal, quando diz dos direitos e deveres de todas as pessoas no país. Os políticos têm a obrigação de desenvolver políticas públicas para o bem de todos.
Nesta próxima eleição escolheremos os candidatos que vão ocupar as vagas no Executivo e no Legislativo municipal. Portanto, eles são candidatos que estão muito próximos dos eleitores, precisam ser bem escolhidos e de forma transparente. Comprar e vender o voto são práticas irresponsáveis e prejudiciais para o Município, porque ganha quem não está preocupado com a boa política.
Dom Paulo Mendes Peixoto - Arcebispo de Uberaba