ARTICULISTAS

Em busca da ética perdida

Às vezes me vejo perdido, absorto em meus pensamentos sobre valores humanos e morais

Valter Machado da Fonseca
Publicado em 10/08/2010 às 20:18Atualizado em 20/12/2022 às 04:57
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Às vezes me vejo perdido, absorto em meus pensamentos sobre valores humanos e morais. Observando as notícias que povoam os meios de comunicação de massa (jornais, revistas rádio e TV) verificamos a repetição insistente e cotidiana de matérias acerca de violência para todos os gostos, como, por exemplo, filhos assassinando pais e vice-versa, estupros, assaltos, esportistas envolvidos em sequestros e assassinatos, enfim um turbilhão de mortes e atentados tanto físicos quanto morais às pessoas envolvidas, quanto aos que acompanham as notícias na mídia.

Essas cenas de barbárie generalizada trazem à tona a velha discussão sobre os valores que deveriam ser inerentes ao caráter do ser humano, como o respeito, a solidariedade e a ética. Vários são os estudos e pesquisas existentes sobre a temática. Inúmeros são os estudiosos que se dedicam ao assunto. Grande maioria deles acaba associando a violência, falta de limites, a prática de delitos tão aviltantes, à origem pobre de alguns envolvidos. Outros a associa a aspectos sociais e educacionais. Porém, quase ninguém associa a violência ao modelo econômico que domina a sociedade da modernidade: o capitalismo.

O atual modelo econômico da produção nasceu da Revolução Francesa sob a égide de três palavras: liberdade, igualdade e fraternidade. Três palavras que apontavam para um modelo de sociedade que seria a solução para os problemas da humanidade, que apontavam para a promessa de felicidade do homem. Ironicamente, o que se vê é exatamente o contrário, assistimos, nos tempos presentes, à desgraça humana, ao início da barbárie generalizada, ou seja, ao extermínio do homem pelo próprio homem. O ser humano não tem projetos de vida, não tem projetos de sociedade, nem projetos de mundo. Seus projetos são produzidos de acordo com os interesses dos grandes grupos e conglomerados multi/transnacionais, potentes ferramentas a serviço da plena expansão e reprodução do capital, a serviço da mais-valia a qualquer custo e qualquer preço.

As nossas crianças e jovens se enjaulam em seus quartos, vivendo mundos e vidas virtuais. Não entram em contato com seus semelhantes, a não ser por intermédio da grande rede mundial de computadores. Seus desejos são construídos segundo os interesses do consumismo, do culto ao supérfluo e ao descartável. Essas tendências e cenários mundiais, além de produzir o lixo sólido e líquido que contamina as águas, a atmosfera e o solo, ainda produzem o lixo moral, que vai contaminar as mentes e os corações da humanidade. Onde o ser humano vai parar com essa barbárie? Para onde caminha a humanidade no limiar do século XXI? Onde foram parar a liberdade, a igualdade e fraternidade?

(*) mestre e doutorando em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade Federal de Uberlândia (UFU); professor da Universidade de Uberaba (Uniube)

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