Além dos velhos e conhecidos discursos de “filosofia de trabalho”, dentro do futebol, o que mais se fala – muitas vezes de forma hipócrita e irresponsável – é da necessidade real de planejamento de um clube.
Dizem os mais sábios que não há como tocar um time de futebol sem o tal planejamento. Sem planejamento não dá nem pra tocar a vida da gente, minha gente!
Mas, e como fazer algum planejamento para um clube que não sabe nem mesmo qual competição irá disputar e, o pior, se irá mesmo disputar alguma coisa? Sinceramente, dá pra um clube do interior mineiro fazer planejamento com uma federação desorganizada, desarticulada e descompromissada como a Mineira?
Pode até dar certo, mas é muito difícil! Ora, vejamos o caso do Uberaba Sport. O clube, como acontece com a maioria dos clubes brasileiros, não tem dinheiro. Aliás, o presidente do Colorado foi feliz ao dizer que até mesmo o que vem de graça para o USC sai caro!
A situação financeira é essa. Além disso, são poucos os que se dispõem a ajudar o clube! São muitos os que gritam para os quatro cantos do mundo que ajudariam o USC em caso de necessidade. Mas são raras, raríssimas, as boas almas que se levantam de suas poltronas, arregaçam as mangas e ajudam. Aliás, em março, quando o Uberaba Sport enfrentou o Palmeiras pela 2ª fase da Copa do Brasil, a cidade ficou nacionalmente conhecida pelos corneteiros. Um clube, acredito, não precisa de corneteiros. Um clube precisa de torcedores que o apóiam também fora das arquibancadas e, aos poucos, parece que eles estão surgindo. Mas ainda é pouco.
Durante entrevista à Rádio JM, o gerente de Futebol do Uberaba Sport, Marcelo Araxá, deixou claro que o clube vai se programar de acordo com aquilo que vier! Ou seja, conforme já dissemos nas páginas deste jornal, por enquanto, o USC só faz uma coisa: espera.
No entanto, esperar não é planejar.Mesmo que digam que não dá para contratar sem saber qual competição vai disputar, é necessário analisar que, quando se demora demais para fazer os contatos, estabelecer diálogos, paga-se o preço. Foi assim no Campeonato Mineiro e pode ser assim na disputa da Taça Minas e, quem sabe, em uma eventual participação na Série D.
Mesmo sem saber se vai ou não disputar o Campeonato Brasileiro, o USC já deveria ter um planejamento. Aliás, mesmo se não fosse disputar nada neste segundo semestre de 2011, o clube já deveria ter um planejamento elaborado.
Aos que defendem que futebol se resolve dentro de campo, é preciso lembrar e reforçar que, quando se tem dinheiro, talvez, e só talvez, isso seja possível. Aconteceu com Flamengo e Fluminense, os quais, mesmo sem estruturas dignas de suas grandezas, foram campeões nacionais em 2009 e 2010, respectivamente. No entanto, ambos tinham elencos milionários em campo, além de fontes certas de receitas mensais.
No USC, apesar de toda a boa vontade de seus dirigentes, o que se nota é que ainda é necessária a adoção de um cunho mais profissional, sobretudo no que diz respeito ao setor administrativo. Sem isso, o mais provável é que os perrengues continuem, as discussões continuem e as críticas, na maioria das vezes injustas, aumentem cada vez mais. É hora, já que o clube quer ser grande, de se comportar como gente grande. É hora de planejamento.
