Estimado leitor, peço, por obséquio, que analise as seguintes frases:
1. Nunca é demais insistir que o início do programa de formação de atitudes exige precisão e definição dos índices pretendidos.
2. É fundamental ressaltar que o desenvolvimento de formas distintas de atuação auxilia a preparação e a estruturação dos conceitos de participação geral.
3. Não podemos esquecer que a complexidade dos estudos efetuados oferece uma boa oportunidade de verificação das opções básicas para o sucesso do currículo.
4. O incentivo ao avanço tecnológico, assim como o novo modelo didático aqui preconizado, assume importantes posições na definição das nossas opções de desenvolvimento futuro.
5. A prática mostra que a constante divulgação das informações contribui para a correta determinação das condições apropriadas para o ensino.
Se você não entendeu nada, não fique preocupado. Não era para entender mesmo, pois nenhuma dessas cinco frases faz sentido. Elas servem, digamos, para dar ideia de que são muito sofisticadas, encerram um grande ensinamento, mas, no fundo, não passam de embromação. Elas podem ser usadas em qualquer contexto.
O que ocorre é que, nos processos de comunicação da vida moderna, dedicamos à forma muito mais atenção do que dedicamos ao conteúdo e, por isso, o que está sendo dito é muito menos importante do que como está sendo dito. Vários fatores concorrem para essa inversão de valores.
O mais grave é que vivemos numa espécie de sociedade em que seus membros parecem ter desistido de se comunicar uns com os outros, evidenciando um enorme paradox nunca possuímos tantos veículos comunicadores e nunca nos comunicamos tão mal. Outra questão que gostaria de levantar é: num mundo de constantes desconstruções, não há nada mais a ser dito ou não se encontram mais mecanismos que as tornem inteligíveis.
Dois exemplos disso podem ser citados: as “garatujas” que as pessoas usam quando conversam em programas do tipo MSN, no qual o que ocorre, no mais das vezes, é uma ovação do mais puro embromation. As pessoas ficam horas conversando por intermédio desses programas, mas não dizem nada umas para as outras. Desconfio que o único objetivo seja passar o tempo.
O segundo exemplo me parece mais complexo. Estou me referindo à música eletrônica, na qual as letras foram substituídas pelos mais diversos (e horríveis) barulhos. Retomando um argumento já exposto, nesse tipo de música, você tem a clara sensação de que não há mais nada a ser falado e, por isso, o único caminho é a celebração do nada.
Só para esclarecer: as frases que iniciam esse artigo podem ser encontradas no site internetdrops.clickgratis.com.br/drops/1453, onde se faz uma brincadeira com uma série de sentenças que podem ser unidas as outras, em qualquer ordem, já que não fará a menor diferença. Para os que gostam de falar, falar e não dizer absolutamente nada, vale a pena conferir.
Bom domingo a todos.
(*) doutorando em História e professor do Colégio Cenecista Dr. José Ferreira, da Facthus e da UFTM