ARTICULISTAS

Entendi... entendi...

Perguntei recentemente a um jovem amigo que vi nascer

João Eurípedes Sabino
forumarticulistas@hotmail.com
Publicado em 27/12/2013 às 19:39Atualizado em 19/12/2022 às 09:40
Compartilhar

Perguntei recentemente a um jovem amigo que vi nascer: “E você, está feliz com o que faz atualmente? “ Sim, muito feliz, muito...” A reticência na resposta e seu olhar evasivo me fizeram criar motivos para que ele se abrisse e fosse mais fundo. Conclui que naquele “muito feliz” havia algo mal-explicado.

Conversamos longamente e... lá... nas entranhas de suas palavras estavam escondidos a ansiedade e o estresse, nutridos pela pressão recebida de seu chefe de trabalho. Ali havia algo o fazendo infeliz. Um menino saído recente da adolescência nas mãos de experiente quarentão é preocupante.

Procurei saber sobre o perfil do opressor, estudei-o um bocado e, fazendo uso dos meus anos, somado à condição de amigo passei ao rapagão o que vai a seguir:

- Amigo (ele percebeu que eu estava falando muito sério), na vida há uma coisa cuja administração é muito difícil. Refiro-me ao ciúme, esse fomentado pelo incapaz em relação ao mais capaz. A insegurança, a vaidade, a falta de domínio sobre o que faz; regada pelo desgoverno dos próprios pensamentos configuram os traços do incompetente. Se ele tem o poder, daí a perseguir alguém que fica-lhe à distância da mão. Sua personalidade alimenta-se da preocupação e do sofrimento que causa àqueles com menor poder de fogo. Observe: o perseguidor nunca provoca quem está acima.

- E o que devo fazer para ficar livre das garras do meu chefe? Pombas! Tenho me esforçado tanto e ele quando não deprecia-me, fica calado diante de algo que fiz com tanto esforço. Todos veem a minha dedicação e ele vê tudo ao contrário! Estou sem saída.

Ouvi esse desabafo do “meninão”. Rebati-lhe: - Do seu chefe você não pode abrir mão, mas das garras dele sim, a mania que ele tem de se dizer um superpoderoso é a sua porta de entrada para “ajudá-lo”. Faça chegar até ele por vias indiretas (eu disse indiretas) que você não é um ser qualquer e pelo esforço e luta, tais e tais pessoas influentes são suas amigas e da sua família. Por concurso e não apadrinhamento você, apesar de iniciante, foi selecionado e chegou até aqui.

Acrescentei: - Para os invejosos, o sucesso alheio lhe é asfixiante. Não agrade seu chefe em demasia, mas aproxime-se dele para estudá-lo. Mantendo-se afastado, a chance de conhecê-lo melhor diminui ou pode até inexistir. Verá que ele é um frágil.

- Puxa! Eu nunca tive uma aula dessas! Falou-me assim aquele angustiado jovem principiante.

Não sendo teórico no assunto fui direto à conclusã − Não há melhor lição do que aquela passada com o próprio exemplo. A “aula” que lhe dei vem de diversas experiências compiladas pela vida. Falei, não por ouvir dizer; elas aconteceram comigo.

- Ah! Entendi... entendi..., disse o jovem reanimado.

(*) PRESIDENTE  DO  FÓRUM  PERMANENTE  DOS  ARTICULISTAS  DE  UBERABA E  REGIÃO; MEMBRO  DA  ACADEMIA  DE  LETRAS  DO  TRIÂNGULO  MINEIRO

Assuntos Relacionados
Compartilhar

Nossos Apps

Redes Sociais

Razão Social

Rio Grande Artes Gráficas Ltda

CNPJ: 17.771.076/0001-83

JM Online© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por