Como é difícil, depois de recebermos constantes estímulos de um amigo, vê-lo repentinamente silenciado para sempre. Mais difícil é quando sabemos que, no rol de suas últimas palavras, está o nosso nome. E assim não pude me despedir do amigo Carlo de Abreu Lopes em vida, respondendo à sua vontade de nos falarmos quando aqui chegasse da última viagem de Brasília para Uberaba. Aqui ele pereceu no dia 14/08/11.
Quando menino eu ouvia falar de um certo major Carlo de Abreu Lopes, cuja vontade de conhecer passei a nutrir, quando virei noites ao relento na fila para comprar alimentos racionados pelo governo. Era o ano de 1964 e ele, o Delegado da Sunab – Superintendência Nacional de Abastecimento. Devido às andanças daquele oficial pelas Minas Gerais, só fui me aproximar dele na década de setenta e posteriores. Valeu a pena ter esperado. Daí surgiu uma amizade filial e paternal.
Aprendi a ver no mesmo homem a retidão, o acendrado amor à família, a devoção ao que fazia e o destemor nas situações mais difíceis. Lembro-me de vê-lo esbelto envergando a farda da nossa gloriosa Polícia Militar e com a mesma elegância, na reserva, adentrar-se no Fórum Melo Viana na condição de operoso advogado.
Tive a oportunidade, com Dr. Habib Felippe Jabour, de prefaciar o seu livro “ATOS E FATOS DE MINHA VIDA”. Uma antologia de crônicas lançada no dia 19/05/08, cujo conteúdo emociona a quem compreende o que é emergir de si mesmo e escrever a própria história. Como exímio articulista e poeta, soube redigir com maestria.
A honra que cultivo desde 1981 por ganhar a espada de oficial do amigo Cel. Carlos de Abreu Lopes, era sempre renovada quando eu o via referir ao fato como sendo para ele uma grande honra. Para assimilar a emoção, passei a me comparar como se eu fosse o 13º filho que ele não teve. Carlo Edson da Silva Lopes, seu 9º filho e meu amigo, intermediou aquela doação, que para mim não tem preço.
Luiz Dalton, José Oscar, Milton, Elca, Helga, Wilson, Elza, Eneida, Carlo Edson, Carlo Fernando, Carlo Eduardo e Cristina me permitam acentuar que: pais existem, mas com a têmpera de dona Elza da Silva Lopes e Carlo de Abreu Lopes, muitos gostariam de ter ou ser.
(*) presidente do Fórum Permanente dos Articulistas de Uberaba e Região; membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro