Tivemos na semana que passou atos e palavras que caracterizam o racismo no esporte. Um no futebol, o outro no basquete. Ato recorrente no futebol e uma ação incisiva no basquete. O racismo está presente nos mais variados setores da vida e quanto mais estudado e socialmente visível for, maior será a probabilidade de ser vitimizado pelo preconceito. O futebol tem sido campo recorrente de atos raciais, inobstante à sua visibilidade midiática. E, mesmo assim, não há atitude firme por parte dos seus dirigentes. A repercussão do gesto do jogador brasileiro Daniel Alves, no Barcelona, ao comer uma banana atirada por um torcedor rival ao bater um escanteio, percorre o caminho do hilário, passando pelo ridículo e não sendo tratado com a seriedade que o fato requer. Ele, instintivamente, pegou a banana e a comeu. A casca ficou por ali. Depois, deu uma entrevista minimizando o seu gesto da mesma forma como os racistas fazem; tentam descaracterizar a ação. Como se trata de ídolo do futebol, várias pessoas se solidarizaram com ele, postando bananas e repudiando o ato racista. Foi o jeitinho brasileiro de brincar e de dissimular o real. Não sei realmente o que significou aquelas postagens de bananas feitas pelos “artistas e celebridades brasileiras”, seguidas da frase “Somos todos macacos”. É bem verdade que homens e mulheres parecemos com os animais. Tem gente que parece com passarinho, com cachorro, com macaco, com girafa, com arara. Mas falarmos que somos macacos por ascendência genealógica é forçar a interpretação do processo evolutivo da raça humana. Ao longo dessa babaquice, soube-se que a frase era jogada de marketing e já tinha gente ganhando dinheiro com ela, inclusive aquele que se fotografou ao lado do filho com uma banana de pelúcia nas mãos. Vivemos num país da hipocrisia e do modismo comandado pelas celebridades que usam da rede social para se promoverem e pouco se lixam para o todo. O Brasil é o país que mais possui leis de combate ao preconceito, ao racismo e é o que menos as utiliza, optando por um caminho estreito e de difícil compreensão, como são as cotas, em meio a pretos, pardos e brancos se degladiando. Sabemos que cotas não são políticas reparatórias e nem compensatórias, e sim estratégia de visibilidade ao negro sem que isso represente combate ao racismo. Esse se combate em outros campos. O racismo não leva em conta o sucesso profissional ou financeiro do outro, ele simplesmente abomina o outro por ser daquela etnia. Os Estados Unidos são pontuais em suas ações no cumprimento da lei. As declarações racistas de Donald Sterling lhe custaram caro. O proprietário do Los Angeles Clipper foi expulso da NBA, liga norte-americana de basquete. De quebra, o executivo foi multado em milhões. Você poderá pensar que se trata de coisas diferentes; um era jogador num estádio e o outro era o dono de um time em quadra de basquete. Sim, são coisas diferentes tratando do mesmo mal. São tão diferentes que o tratamento de um foi midiático e do outro profilático. Por fim, aos que compartilharam da hashtag somos todos macacos fica uma dica: procure ser um ser pensante, ao invés de sair compartilhando as idiotices e burrices das redes sociais. Quanto a Europa? Os seus fatos dizem quem é.