Compulsando o livro Sonetos (1965), de Augusto Frederico Schmidt, encontramos, com efeito, passos que condizem com a Doutrina Espírita
Compulsando o livro Sonetos (1965), de Augusto Frederico Schmidt, encontramos, com efeito, passos que condizem com a Doutrina Espírita, como já tivemos a oportunidade de verificar. Adicionemos mais alguns: Após querer chorar “pelas almas mártires / Que estão invisivelmente entre nós”,... “a imagem de Nebíola. / Aos seus olhos surgiu, tal como fora.” Dá-nos conta de como viu a noiva morta, mais viva do que nunca: “A noiva morta / Caminha pela avenida que bordeja o mar. / Seu passo lento mas firme / A vai levando cada vez mais longe dos meus olhos. // A manhã é noturna. / As águas cinzentas se atiram contra as pedras, / Repetindo sempre alguma coisa que eu sabia o que era outrora. / Mas hoje não sei mais. // A rapariga morta volta-se e diz-me adeus / Ora com o lenço azul que cobre os seus cabelos, / Ora com as mãos morenas que eu um dia cantei. // De quando em quando se volta / E acena para mim e continua a caminhar, / Até que não vejo mais a noiva morta.”
Às págs. 43 e 45 – estes exemplos de fundo reencarnatóri A) “Como falarei desta verdade sem chorar? / Como falarei desse mundo perdido / Sem chorar, sem me lamentar, sem fugir / Desta tranquilidade que tão tarde me chegou, // Depois de ter-me desesperado tanto em vão? / Como falarei dessas paisagens que eu guardei / No coração longínquo, dessas paisagens / Do meu tão pobre e tão perdido mundo? // Como olharei, nesta hora, distraída e distante, / Esses recantos que o amor tornava tão belos, / Tão encantados, tão mágicos, tão irreais, outrora? // Como tocarei nesses trechos iluminados da memória, / Onde o coração pulsou mais forte, onde os meus olhos / Conheceram a doce, a triste, a inexplicável alegria do amor?” B) “Voz de queixa e de súplica, voz escura, voz de sombras, / Onde te ouvi? Onde murmuraste palavras aos meus ouvidos? / Voz que reconhecerei num coro imenso, voz única, / Onde te ouvi cantar, onde te ouvi vibrar quente e macia? // Voz que vem das florestas, onde os rios são espessos, / Voz que vem do fundo da noite sem estrelas, / Voz de arrepios, de misteriosas e fatais volúpias, / Voz que desce aos abismos, voz úmida e quente. // Onde te ouvi? Ó voz louca e amargurada, onde ouvi? / Voz sem memória, voz de embriagar, voz de queixume, / Voz sem esperança, voz de naufrágio e sortilégio, // Onde te ouvi? Sinto que pertenceste a alguém, a um ser / Que esteve no meu ser, a alguém que esteve em mim, / Perdido na minha perdição, vivo na minha morte.”
(*) clínico geral e psiquiatra