Hoje o cerco está mais fechado sobre câmaras de bronzeamento artificial, porque já se sabe que os raios ultravioleta emitidos por elas, do tipo A, são considerados potenciais cancerígenos. Antigamente, acreditava-se que estes raios não eram cancerígenos, causando apenas o envelhecimento precoce. “Estudos classificam que essas câmaras de bronzeamento artificial estão para o câncer de pele assim como o cigarro está para o câncer de pulmão”, afirma o cirurgião plástico e especialista em cabeça e pescoço Marco Aurélio de Oliveira Marinho. “A possibilidade de uma pessoa com até 30 anos de idade, submetida à exposição em câmara artificial, ter o melanoma, o câncer de pele mais grave, é três vezes maior do que alguém que fica sob o sol das 12h, no mesmo intervalo de tempo”. Entretanto, Marco Aurélio destaca que o bronzeamento não é 100% prejudicial à saúde, sendo indicado no tratamento de algumas doenças de pele. “Um caso clássico é a psoríase, doença inflamatória crônica da pele e que é autoimune. Na verdade, o bronzeamento auxilia. O paciente toma um medicamento por via oral antes e faz uma exposição periódica aos raios UV da câmara”, explica. “Há trabalhos publicados recentemente mostrando que nas pessoas que têm artrite reumatoide – outra doença autoimune – e tomam mais sol do que as que têm a doença e não se expõem tanto aos raios solares há diminuição nos surtos e na intensidade da dor nas articulações. Então, percebemos uma correlação direta do sol com a imunidade”, afirma o cirurgião. Segundo o médico, o bronzeamento artificial utilizado da forma como é hoje, para fins estéticos, oferece apenas riscos, afirma o cirurgião. “Pode causar desde lesões mais simples, como manchas vermelhas ou mais escuras na pele, levar a queimaduras e ao envelhecimento precoce, além de câncer de pele, chegando até as alterações mais raras, como catarata”. Alternativa. Para quem quer obter os mesmos resultados sem prejudicar a saúde, o cirurgião plástico indica outros recursos que não sejam o bronzeamento artificial ou a natural exposição ao sol. “Existem aqueles que camuflam a pele com as tintas: é o bronzeamento a jato. Quando a pessoa não quer algo muito artificial, existem cremes que aumentam a formação da melanina, o pigmento que dá cor à pele. Há cremes bronzeadores de várias marcas testados dermatologicamente que, quando aplicados na pele, escurecem o tom sem a necessidade de exposição ao sol”. Além desses dois tipos, ele revela que estudo recente descobriu novo recurso que ainda não está sendo utilizado no mercado, mas que dará resultados prolongados. “Seria o implante de uma droga debaixo da pele. Ela vai liberar uma substância que também atua na formação da melanina, fazendo com que a pessoa fique bronzeada por um período longo — cerca de três meses”. Segundo o cirurgião, há variados estudos revelando que a exposição a essas câmaras de bronzeamento tem um efeito nocivo à pele semelhante à exposição ao gás mostarda. “Para se ter noção da intensidade das alterações que essa técnica pode causar à saúde, esse gás foi uma arma química usada na Primeira Guerra Mundial”. Recomendações. Para Marco Aurélio, já é definido que as câmaras de bronzeamento são prejudiciais à saúde e que tendem a desaparecer, por proibição. “A Anvisa já está estudando proibir as câmaras no Brasil e parece que será uma decisão rápida”. O ideal é tomar de 15 a 20 minutos de sol no período compreendido entre as 7h e as 10h e após as 16h, pois os raios solares neste período são importantes para transformar um precursor de vitamina D na própria vitamina D, responsável pela absorção do cálcio pelos ossos, por exemplo.