SPOT-FIXING

Bruno Henrique, do Flamengo, é suspeito de manipulação dos jogos. STJD arquivou denúncia

Agência Estado
Publicado em 06/11/2024 às 08:20
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Bruno Henrique até agora não se pronunciou sobre o caso (Foto/Marcelo Cortes/Flamengo)

O atacante Bruno Henrique, do Flamengo, é alvo de uma operação da Polícia Federal que investiga manipulação de resultados na manhã desta terça-feira. Agentes cumpriram mandados de buscas e apreensão em endereços relacionados ao jogador em cinco cidades, incluindo no Ninho do Urubu, CT do clube rubro-negro, no Rio de Janeiro.

A operação Spot-fixing apura possível manipulação do chamado "mercado de cartões". O jogo investigado é uma partida ocorrida em novembro de 2023, pelo Brasileirão, não identificada pela PF. O nome é relacionado à prática de atividade ilegal em uma partida, mas que não se relaciona com o resultado.

 Bruno Henrique se tornou alvo da operação da PF ao receber cartões na partida do Flamengo contra o Santos no dia 1º de novembro. Ele levou amarelo aos 50 minutos do segundo tempo por falta em Soteldo. Em seguida, reclamou com o árbitro Rafael Rodrigo Klein, levou o segundo amarelo, seguido de um vermelho.

 Ao todo, foram efetuados 12 mandados de busca e apreensão no Rio, Belo Horizonte, Vespasiano (MG), Lagoa Santa (MG) e Ribeirão das Neves (MG). A investigação começou a partir de comunicação feita pela Unidade de Integridade da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). De acordo com relatórios da International Betting Integrity Association (IBIA) e Sportradar, que fazem análise de risco, haveria suspeitas de manipulação do mercado de cartões na partida do Campeonato Brasileiro.

 Cerca de 50 agentes da PF e mais seis integrantes do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Distrito Federal (Gaeco/DF) participaram da operação nesta terça-feira. Segundo a PF, dados obtidos junto às casas de apostas, por intermédio dos representantes legais indicados pela Secretaria de Prêmios de Apostas do Ministério da Fazenda (SPA/MF), apontaram que as apostas teriam sido efetuadas por parentes do jogador e por outro grupo ainda sob apuração.

 Durante a partida, verificou-se que o atleta foi efetivamente punido com cartão. São alvos da operação o jogador e os apostadores. Em tese, eles podem responder por crime contra a incerteza do resultado esportivo, que encontra a conduta tipificada na Lei Geral do Esporte, com pena de dois a seis anos de reclusão.

A PF atua no caso, mediante autorização expressa do ministro da Justiça e Segurança Pública. Os mandados de busca e apreensão foram expedidos pela Justiça do Distrito Federal.

Bruno Henrique não entrou em campo no domingo, no primeiro jogo da final da Copa do Brasil, contra o Atlético-MG, porque cumpriu suspensão. Ele havia levado cartão vermelho na volta da semifinal, em duelo com o Corinthians, em São Paulo. O atacante deve voltar ao time carioca na quarta, em partida contra o Cruzeiro, pelo Brasileirão.

STJD ARQUIVOU DENÚNCIA SOBRE CARTÃO SUSPEITO

A suspeita de um esquema de aposta envolvendo Bruno Henrique, do Flamengo, já era conhecida pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). O órgão, que tem jurisdição somente no meio esportivo, arquivou o caso por entender que o atacante não teria obtido vantagem em um suposto esquema como o relatado. O jogador não se pronunciou e o clube afirmou que acompanha investigações.

Segundo uma nota do próprio STJD, a diretoria de Ética e Conformidade da Conmebol encaminhou um comunicado à Unidade de Integridade da CBF em 2 de agosto deste ano, nove meses depois da vitória do Santos sobre o Flamengo por 2 a 1. O lance do cartão de Bruno Henrique era descrito como "comportamento atípico".

Ciente do caso, a Procuradoria de Justiça Desportiva oficiou a Sportradar, parceira da Fifa para monitoramento. A empresa, contudo, não identificou irregularidades no momento da partida. Por outro lado, a Polícia Federal informou que obteve informações sobre manipulação no chamado "mercado de cartões" conforme relatórios da Associação Internacional de Integridade de Apostas (Ibia, na sigla em inglês) e a própria Sportradar.

Na análise esportiva, a Procuradoria entendeu o cartão como "compatíveis com os parâmetros usuais". "O alerta não apontou nenhum indício de proveito econômico do atleta, uma vez que os eventuais lucros das apostas reportados no alerta seriam ínfimos, quando comparados ao salário mensal do jogador", diz um trecho da nota.

O STJD aponta que o arquivamento se deu no âmbito esportivo e que isso não gera prejuízo em um eventual processo disciplinar caso as autoridades concluam que houve irregularidade.

POSIÇÃO DO FLAMENGO

O vice-presidente de futebol do Flamengo, Marcos Braz, afirmou nesta terça-feira, que "a história do Bruno Henrique dentro do futebol é ilibada, de um profissional que é o primeiro a chegar e sempre o último a sair" e que tanto o clube rubro-negro como o jogador são os principais interessados no esclarecimento da suspeita que pesa contra ele. O atleta foi alvo de ordens de busca e apreensão, nesta terça-feira, por suspeita de envolvimento em manipulação de apostas esportivas. 

Sobre o lance em que o jogador rubro-negro tomou cartão amarelo, Braz defendeu Bruno Henrique: "Ele sequer toca no jogador, não comete falta para cartão, mas toma o cartão, reclama e é expulso A gente não tem conhecimento, nunca foi solicitado nem a ele nem a nenhum atleta para tomar cartão amarelo, isso não existe aqui no Flamengo", declarou.

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