A Roma dos césares se curvou ontem ao novo “imperador brasileiro das piscinas”. César Cielo Filho quebrou o recorde mundial dos 100m livre, com 46s91, no 13º Mundial de Esportes Aquáticos e conquistou o segundo ouro do Brasil, na história dos Mundiais. O primeiro foi com Ricardo Prado nos 400m medley, no Mundial de 1982, em Guayaquil, no Equador. Cielo vibrou muito e lembrou que ainda tem os 50m livre, prova em que é o atual campeão olímpico. “O primeiro recorde mundial a gente nunca esquece!”, disse o atleta, nascido em Santa Bárbara D´Oeste, logo na saída da piscina. O antigo recorde mundial era de 47s05 e o sul-americano, 47s09. Na final, Cielo bateu o francês Alain Bernard, campeão da prova nos Jogos de Pequim, e que chegou em segundo lugar, com 47s12. Em terceiro, outro francês, o agora ex-recordista mundial Frederick Bousquet, com 47s25. O brasileiro Nicolas Oliveira terminou em oitavo, com 48s01. No Brasil várias pessoas já sabiam, mas César Cielo, 22 anos, começou a mostrar ao mundo que seria um grande nadador, em 2007, quando por quatro centésimos ficou de fora do pódio dos 100m livre, no Mundial dos Esportes Aquáticos de Melbourne, em 2007. Nos Jogos Pan-Americanos do mesmo ano, o nadador paulista venceu os 50m, 100m e 4x100m livre e 4x100m medley, apontando para a grande performance dos Jogos Olímpicos Pequim 2008, com uma medalha de ouro, uma de bronze e três recordes da competição batidos. Sempre bem-humorado, Cielo diz o que mudou desde os Jogos Olímpicos até a medalha de ouro no Mundial. “Estou muito mais bonito, mais forte e mais maduro que antes”, brincou para arrematar: “Estou super contente e me sentindo leve. É um alívio enorme. Agora é ficar pronto para os cinquentinha (50m livre). Esse Mundial terminando agora já estaria incrível para o Brasil, mais ainda tem mais por vir”, disse. As eliminatórias e semifinais dos 50m livre acontecem hoje, e as finais amanhã, a partir das 13h, de Brasília. A escalada de Cielo rumo ao ouro e ao recorde mundial foi planejada passo a passo por ele e pelo técnico Brett Hawke. Os tempos das eliminatórias (47s98) e das semifinais (47s48) nem de longe davam pista do recorde que ele bateria na decisão, mas o recorde de campeonato feito na abertura do 4x100m livre, no primeiro dia, 47s09, já apontava em que direção ele caminhava. “Foi um trabalho muito duro. Não é fácil ficar isolado nos Estados Unidos (na cidade de Auburn, Texas) e se pudesse dividiria essa medalha em um milhão de pedaços, pois tem muita gente envolvida e muita gente contribuiu para esse resultado. É um sonho realizado. Estou muito feliz e dolorido também”, concluiu