A turnê do Coldplay beneficiou São Paulo, Coritiba e Botafogo, que cederam seus estádios e lucraram com a banda (Foto/James Marcus Haney)
Na terça-feira, no estádio Engenhão, no Rio de Janeiro, o Coldplay encerrou a série de apresentações no Brasil. Com muito fôlego, a banda inglesa fez onze shows no País, entre São Paulo, Rio e Curitiba. Foi uma temporada do Coldplay no Brasil, com mais de 25 dias. Além da arrecadação com venda de ingressos e o fomento ao turismo, a turnê também beneficiou alguns clubes brasileiros, como São Paulo, Coritiba e Botafogo, que cederam seus estádios e lucraram com a banda.
No Morumbi, apenas com o aluguel para a banda inglesa, estima-se que o time tricolor tenha embolsado mais de R$ 6 milhões, sem contar a participação nos valores arrecadados com a venda de comidas e bebidas durante o espetáculo. Foram seis apresentações no Cícero Pompeu de Toledo.
Já no Rio, o Engenhão, cuja gestão pertence ao Botafogo, voltou a receber um show de porte mundial, o que foi celebrado pelos executivos da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) do alvinegro como uma nova oportunidade para a rentabilização do estádio, uma das principais metas nesta temporada da gestão liderada pelo americano John Textor. Estima-se que o clube carioca ganharia R$ 800 mil em cada um dos três shows.
Não é mais novidade para os clubes de futebol emprestar suas arenas para outras atividades. Shows musicais são os mais comuns, mas há outros eventos que, por vezes, tiram os times de suas casas. A turma do futebol não gosta muito disso, mas as empresas que administram as arenas trabalham pensando em lucros. Nos últimos anos, isso ficou ainda mais evidente com a 'arenização' dos estádios, que, além de oferecer um conforto maior aos espectadores, passou a criar espaços multiusos, VIPs, com capacidade para organizar de eventos religiosos a concertos
"Com as diversas tecnologias para a construção de estruturas temporárias que há no mercado, os estádios estão cada vez mais propícios para receber este tipo de evento. São palcos que podem ser desenvolvidos rapidamente, consumindo uma parcela pequena da agenda destinada aos jogos de futebol", diz Tatiana Fasolari, vice-presidente da Fast Engenharia, que atuou na Olimpíada do Rio-2016 e na Copa do Mundo de 2014.
No ramo dos camarotes, Léo Rizzo, empresário que lidera a Soccer Hospitality, empresa que administra espaços premium nos quatro principais estádios paulistas, ressalta a importância da diversificação dos eventos e pontua as diferenças em relação à organização de uma partida de futebol com, por exemplo, um show musical.
"A operação de um show é totalmente diferente de um jogo de futebol. No âmbito musical, os fãs estão aguardando essa experiência por anos, o que gera uma ansiedade natural no público. No show do Coldplay, por exemplo, montamos diversas ativações personalizadas para os clientes, com a presença de estúdios de maquiagem para o público feminino, bandas dentro do camarote que agitaram o público e um serviço de comidas e bebidas", informa Rizzo. O mesmo tratamento vale para os estádios dos três times que abriram sua casa para os ingleses do Coldplay.
Nas próximas semanas, Alicia Keys também desembarca para uma sequência de eventos no Brasil. Em novembro, o RBD anunciou novas datas de shows, com apresentações no Allianz Parque e Morumbi, ambos em São Paulo.
Os espetáculos afetam o calendário do futebol. Em acordo recente, São Paulo e Palmeiras anunciaram uma parceria para cederem o estádio ao rival em caso de compromissos festivos nos estádios de origem. Nesta linha, o alviverde deve mandar o primeiro jogo da Copa Libertadores na zona sul da capital. Essa parceria tem duas finalidades claras: a primeira é não tirar os jogos dos seus respectivos times da cidade; e a segunda é não perder esse filão em que se transformou os shows nas arenas.