Especialistas veem prática de venda casada em ingressos para torcida do Cruzeiro

Cruzeirenses que querem ir ao Maracanã no próximo sábado (27) para assistir ao jogo contra o Flamengo, pela oitava rodada do Campeonato Brasileiro, têm nesta quarta-feira (24) uma única opção para comprar o ingresso: pagar, também, pelo transporte até o Rio de Janeiro. A venda avulsa dos bilhetes não é mais realizada.

O pacote com o ingresso e a vaga em um ônibus é comercializado a R$ 430 pela Mais Cruzeiro, agência de viagens parceira do clube. Entretanto, especialistas entrevistados por O Tempo Sports consideram que se trata de venda casada, proibida por lei.

O artigo 39 do Código de Defesa do Consumidor afirma que "é vedado condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço." Especialista em direito do consumidor, a advogada Sabrina Matta Machado considera que é justamente isso o que ocorre nesse caso. "Está sendo realizada uma venda casada, que é uma prática abusiva e uma infração à ordem econômica. A empresa tem responsabilidade sobre esse ato."

A opinião é igual à do advogado Tiago Fernandes, que atua na mesma área pelo escritório Lima Netto Carvalho Abreu Mayrink Sociedade de Advogados. "Estamos diante de um cenário que configura esse tipo de prática abusiva. Você compele o consumidor a adquirir o transporte apenas para que ele tenha a oportunidade de comprar o ingresso para o jogo."

A dificuldade dos cruzeirenses em comprar entradas para a partida tem repercutido nas redes sociais. Nos últimos dias, torcedores têm questionado o fato de os bilhetes terem se esgotado rapidamente. Em contato com O Tempo Sports nessa terça-feira (23), a assessoria de imprensa celeste informou que, como visitante, o clube recebeu menos de 4 mil ingressos e que eles foram divididos da seguinte forma:

- parte foi vendida no site do Flamengo;

- parte foi reservada para torcidas organizadas e caravanas do interior (o clube ressalta que facilita a venda, mas não dá o ingresso para esses grupos);

- parte foi para a empresa parceira do clube que opera a Mais Cruzeiro.

A reportagem entrou em contato com o Cruzeiro e com a Mais Cruzeiro para falar sobre a possível prática de venda casada, mas nenhum posicionamento foi enviado.