Júlio Casares prestou depoimento nesta quarta-feira em Brasília e foi duro com as acusações de John Textor (Foto/Arquivo)
Convidado pelo senador Jorge Kajuru (PSB-GO), presidente da CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas, o mandatário são-paulino Júlio Casares prestou depoimento nesta quarta-feira em Brasília e foi duro com as acusações de John Textor, dono da SAF do Botafogo, de que o Brasileirão de 2023 foi manipulado.
Após desperdiçar vantagem de 14 pontos em relação ao campeão Palmeiras, Textor saiu disparando contra alguns rivais e, através de um estudo feito por Inteligência Artificial, apresentou documentos que indicavam jogos suspeitos. Mostrou desconfiança na goleada de 5 a 0 do time de Abel Ferreira diante do São Paulo, por exemplo.
Com seriedade, o dirigente são-paulino respondeu as perguntas dos senadores e mostrou que o São Paulo está com a cabeça tranquila. "Nós estávamos em uma ressaca de vitória (conquista da Copa do Brasil), fomos jogar contra um adversário e perdemos de 5 a 0. Um jogo com 3 a 0, com um jogador a menos, a coisa desandou", explicou. "A rivalidade de um Fla-Flu, de Vasco e Flamengo ou São Paulo e Palmeiras não permite, em meu raciocínio, que possa haver, de repente, atuação (questionável) de um profissional e neste caso eu conheço meus atletas", seguiu
Casares, porém, não se mostrou contra uma apuração do caso. Mas também cobrou punições em caso de injúria e acusações sem fundamento. "Não vou nunca abdicar que uma apuração possa avançar. Se avançar e mostrar culpa efetiva, temos de ser muito efetivos nisso", garantiu, prometendo punição exemplar. "Mas, os dois lados devem ser medidos, porque não é só a questão da punição se houver o problema, mas também da punição quando você leva à tona uma questão que envolve pessoas", cobrou.
"Sou a favor sempre da ciência, da questão dos instrumentos que apoiem a decisão de um gestor. Mas também acho que nós temos de ter preocupação quando você coloca dentro de uma Inteligência Artificial, que são dados subjetivos na maioria das vezes, a reputação de algum profissional, seja ele qual for. Tenho preocupação de subjulgar, prejulgar, através de um número subjetivo de avaliação, tantos passes errados, postura de atleta, colocar esse atleta em suspeito. Olha esse jogador teve 80% de passe errado. Isso não significa que esteja envolvido."
O presidente são-paulino não deixou de ironizar John Textor, contudo, pelo fato de o dirigente só acusar manipulação após sua equipe emplacar sequência de tropeços e perder um campeonato que estava nas mãos após primeiro turno primoroso e excelente vantagem no topo.
"O Textor é uma pessoa que conheci num primeiro momento e sempre tive um respeito muito grande. Achei uma esperança e ainda acho uma esperança para o futebol brasileiro, um investidor do tamanho dele, mas não sei se esse estudo foi feito quando ele (Botafogo) tomou uma virada histórica do Palmeiras. É muitas vezes irresponsável. Tenho por ele um respeito, mas fiquei surpreendido e não faria isso. Levaria um estudo aos órgãos competentes, mas não faria um juízo de valor colocando a possibilidade de um delito, uma fraude, em cima de pessoas que são profissionais", disse o presidente são-paulino.