Ao vê-la dentro de campo no meio de um tanto de garotos, eis que surge a pergunta inevitável: quem é aquela menina jogando futebol? Habilidosa, rápida e com um jeitinho todo especial de lidar com a bola, há muito tempo ela vem impressionando e encantando as pessoas que acompanham os jogos do time Mirim do Nacional. O nome é forte: Ingrid. Analisando um pouco de história, facilmente se chega a outras “Ingrids”, tão marcantes, lutadoras e especiais como ela. Na lista, a política colombiana Ingrid Bitencourt; a atriz brasileira Ingrid Guimarães; a princesa Ingrid, da Suécia ou até mesmo a cantora italiana Ingrid Alberini. Porém, nossa craque é ímpar. Tem seu valor, seu talento. Por isso, é candidata a ser mais uma “Marta” no país do futebol. A timidez e o olhar mirando o chão, quando precisa encarar uma entrevista e a máquina fotográfica, dão lugar à gigante Ingrid, que não se intimida pelo fato de estar jogando no meio de garotos mais altos e mais fortes do que ela. Por não conseguir um time feminino para atuar, este é só mais um desafio em sua luta para conseguir chegar a um grande clube – de preferência o Corinthians, sua paixão. “Eles cobram de mim como cobram de um garoto, mesmo. Mas, nem ligo. Levo na boa. Meu negócio é fazer gol”, diz, com um misto de timidez, sonho e autoconfiança. Apesar de ser uma menina, a história de Ingrid não é muito diferente das histórias que se ouve por aí. De família humilde, as oportunidades de diversão nem sempre foram abundantes. Com o tio, aprendeu a gostar do futebol. “Eu tinha 6 anos. Meu tio sempre brincava comigo e aí comecei a tomar gosto. Quando eu vi, já estava jogando em um time feminino. Mas, o que eu queria era campo, por isso, decidi treinar com os garotos, para não perder o ritmo”, explica a jovem fã de Cristiano Ronaldo, Kaká e do Fenômeno Ronaldo. Alheia aos problemas e dificuldades, a jogadora que em breve realizará testes em equipes do interior paulista, só vê um empecilho no fato de treinar junto com os meninos. “Na hora de trocar de roupas é um pouco complicado. Não dá para ir todo mundo, apesar de todos me respeitarem. O jeito, como não há vestiário feminino, é esperar que eles se troquem para eu poder colocar o uniforme”.