ESPORTE

Menino do bairro Planalto tenta driblar a sorte para voltar ao futebol

Janaína Sudário
janaina@janainasudario.com.br
Publicado em 05/09/2009 às 22:48Atualizado em 20/12/2022 às 10:44
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Que palavras usar na descrição de um monstro da bola que se esconde na figura de um menino, e que sonha com uma oportunidade de mostrar o seu talento e ser reconhecido por ele? O artilheiro Gagau recebeu a nossa equipe de reportagem, em sua casa, no bairro Planalto, e hoje é a personagem central do “Estrelas Apagadas” desta semana.   Aos 21 anos, o ex-jogador do Uberaba Sport Club, disputa com o América, a Segunda Divisão do Campeonato Amador e vive à espera de um convite, para que possa reingressar no futebol profissional. Dono de uma humildade ímpar, Gagau conta como foi o início da sua carreira. “Com 10 anos, comecei no Varzeano, jogando no terrão. E fui parar nas categorias de base do Uberaba Sport Club. Disputei o Juvenil, quando ficamos em segundo lugar. No Juniores, fomos campeões, com o time do Érick Moura; em seguida, subi para o profissional”, relata.   O meia-atacante fala que apesar dos três anos de Uberaba Sport, nunca teve grandes chances como titular da equipe. Não restaram mágoas, embora permaneça o sentimento de que os valores da cidade continuam sem a valorização que precisam. “Aqui é assim, mas em outros lugares também. O jogador de fora é mais valorizado do que qualquer um que tenha saído das equipes de base do próprio time”, acrescentou. Os amigos e admiradores do jogador têm sido importantes para o atleta. De origem pobre, é perceptível que Gagau e a sua família passam por necessidades financeiras. Pessoas como Pedro Walter Barbosa e Sílvio Bernardes ajudam com o que podem, e tentam encontrar uma nova equipe para o retorno do jogador ao profissional.   Foi através desta ajuda que o jogador teve a oportunidade de fazer testes na Ponte Preta, em Campinas. Para Waltinho Barbosa, o que faltou para Gagau nestes testes, foi sorte. “No primeiro dia ele fez quatro gols, depois teve o azar de machucar o tornozelo. Ficou lá por duas semanas, mas acabou voltando para Uberaba”, conta Waltinho. Para o ex-dirigente de futebol, o jogador entra na lista das criaturas que não tiveram chances.   “Acontece que aqui em Uberaba é difícil, tem muita gente envolvida, diretores de futebol que mandam nos times. Eu sou uma das pessoas que deixaram de acompanhar o futebol, decepcionadas”, lamenta. Presidente do Uberaba Sport Club por duas vezes, o empresário Walter Barbosa define Gagau: “ele é muito bom de bola, e olha que eu tenho 40 anos só de futebol. Joga melhor que muitos que estão atuando no time principal do Uberaba Sport. Além disso, é um garoto muito humilde e de bom caráter”. Apesar de todas as dificuldades, Gagau fala com o entusiasmo do apoio da família: “meu avô sempre me apoiou e sempre foi para a beira dos campos me ver jogar. A nossa vidinha é esta, simples e humilde, mas muito boa”. Sem a figura paterna, desde os dez anos de idade, Gagau aprendeu a dar valor nos esforços dos avós, da mãe, e também do irmão. Ele espera retribuir algum dia, dando mais conforto para a família, o que, por enquanto, fica restrito à consciência de que isso poderá não acontecer.   “Sempre gostei de bola, nunca escondi de ninguém. Mas é assim mesmo, eu tenho que ter a cabeça no lugar, ver que não deu e tocar a bola para frente. A expectativa é esta, sempre jogar para ver o que eu consigo mais para frente”, finaliza.  No quarto, que o jogador divide com a mãe, Gagau guarda os troféus e medalhas, dentre eles, os de “Jogador Destaque”, conquistado no Campeonato de Juniores. Ao fim da entrevista, registramos o sorriso do jogador, sinal de que mesmo com todos os impedimentos, Gagau continuará com o seu futebol, mesmo que ninguém perceba.

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