Cada treinador poderá pedir até dois desafios por partida, mas apenas em lances considerados decisivos (Foto/FPF/Estadão)
O futebol brasileiro dará um passo inédito nesta semana com a introdução do Football Video Support (FVS), um sistema de desafio de vídeo que permitirá aos técnicos contestarem decisões da arbitragem. A novidade estreia já nas semifinais da Copa Paulista, marcadas para sexta-feira.
Inspirado em modalidades como vôlei, tênis e NBA, o recurso funcionará de forma simples: cada treinador poderá pedir até dois desafios por partida, mas apenas em lances considerados decisivos — gol, pênalti, cartão vermelho direto e punição aplicada ao jogador errado.
O pedido será feito através de um gesto característico — o treinador deve girar o dedo no ar — e da entrega de um cartão específico ao quarto árbitro. Caso o desafio seja aceito, a equipe mantém o direito de nova solicitação; se for negado, perde a chance.
Após a contestação, o árbitro principal terá de se dirigir à cabine de vídeo instalada à beira do gramado, onde revisará o lance em conjunto com um operador de replay. A partir daí, poderá manter ou modificar sua decisão.
A Federação Paulista de Futebol (FPF) anunciou o uso do sistema durante reunião técnica com os quatro clubes semifinalistas — XV de Piracicaba, Comercial, Primavera e Grêmio Prudente. A comunicação oficial foi feita nesta segunda-feira, na sede da entidade.
Segundo o presidente da FPF, Reinaldo Carneiro Bastos, a implantação do FVS coloca São Paulo novamente na liderança das inovações no esporte. “Nosso objetivo é alinhar o futebol paulista com as melhores práticas internacionais. Com apoio da CBF e da FIFA, trazemos uma ferramenta que garante mais transparência e justiça dentro de campo”, destacou.
O FVS já havia sido testado pela FIFA em torneios menores, incluindo a Copa do Mundo Feminina Sub-20. Agora, o Brasil será palco de sua primeira utilização oficial em competições profissionais masculinas.
Além do desafio de vídeo, a FPF tem se mostrado pioneira em outros aspectos. Em 2025, o Paulistão já contou com o impedimento semiautomático, o sistema multibolas — que agiliza a reposição de jogo — e até a câmera do árbitro nas partidas do campeonato feminino.
A expectativa é de que a Copa Paulista seja um campo de testes para avaliar a aceitação e eficiência do novo recurso. Caso seja bem-sucedido, o sistema poderá ser expandido para competições nacionais nos próximos anos.
Os times semifinalistas já foram informados de que o desafio poderá influenciar diretamente na disputa por uma vaga em torneios nacionais de 2026. O campeão da Copa Paulista terá direito de escolher entre a Copa do Brasil e a Série D, enquanto o vice ficará com a vaga restante.
Nas semifinais, os confrontos estão definidos: Comercial x XV de Piracicaba e Grêmio Prudente x Primavera. Os vencedores disputarão a final com transmissão garantida e, provavelmente, sob grande atenção pela estreia do novo sistema.
O contexto também é marcado por polêmicas recentes. Nas quartas de final, quando o VAR ainda não era utilizado, a arbitragem gerou forte controvérsia no jogo entre União São João e Noroeste. Um pênalti marcado após longa paralisação de 48 minutos acabou sendo decisivo para a classificação do time de Araras.
O episódio reforçou a necessidade de modernização e ajudou a acelerar a adoção do FVS. Para dirigentes, o objetivo é reduzir erros claros e evitar longas discussões que prejudicam o andamento da partida.
Com a novidade, São Paulo se torna o primeiro estado do país a implementar o “desafio de vídeo”, modelo que já faz parte da rotina em diversas modalidades e que agora chega ao futebol com a promessa de mais credibilidade às decisões da arbitragem.