Luiz Humberto Alves Borges, falou sobre o planejamento que está sendo feito para sustentar o time por cinco meses
O Uberaba Sport Club começa hoje uma longa sequência de viagens. Nesta primeira fase da Série D do Campeonato Brasileiro, a delegação visitará Colatina, no Espírito Santo; Camaçari, na Bahia; e Mesquita, no Rio de Janeiro.
Pela Taça Minas Gerais, os compromissos do time colorado serão em Patos de Minas, Uberlândia, Nova Lima, Três Corações e Montes Claros.
Diante da realidade financeira do clube, o presidente Luiz Humberto Alves Borges, aceitou falar com a reportagem do Jornal da Manhã sobre o planejamento que vem sendo feito para sustentar o time por cinco meses, em duas competições deficitárias, sem colocar em risco a disputa do campeonato estadual.
Jornal da Manhã - O Uberaba Sport Club vive um bom momento dentro dos gramados, mas ainda não conseguiu despertar o interesse de grandes investidores. O senhor atribui o fato a alguma causa específica?
Luiz Humberto - Desinteresse das empresas locais. Elas estão sendo procuradas. O que acontece é que tanto as empresas potenciais como as que estiveram conosco no Campeonato Mineiro - Vita Charm, Unimed e Skala - não quiseram patrocinar a Série D e a Taça Minas Gerais. Ainda não desistimos de conseguir um patrocinador para este segundo semestre. Estamos tentando, apesar da dificuldade.
JM - Isso quer dizer que o Uberaba Sport não tem nenhum patrocinador para disputar os dois campeonatos?
LH - Não. Temos o BMG, que tem contrato até setembro. No entanto, os pagamentos foram antecipados para quitarmos os compromissos do Campeonato Mineiro. Isso quer dizer que não temos mais nada para receber do banco. Pode ser que, no vencimento do contrato, a gente consiga uma renovação, mas isso será conversado quando expirar o prazo. O Codau também permanece neste período com uma pequena ajuda. Nada que cubra todas as despesas. Ajuda, mas não resolve.
JM - E como o Colorado vai pagar os jogadores e a comissão técnica?
LH - Estamos procurando recurso onde é possível. Neste momento a saída é apelar para as financeiras.
JM - Qual é o valor da folha salarial?
LH - Em torno de R$ 90 mil.
JM - É baixo?
LH - Depende. É alto quando você não tem nada para pagar. Eu queria ter uma folha de R$ 200 mil/mês tendo os R$ 200 mil para pagar.
JM - A exemplo do ano passado, as viagens serão longas e não se pode exigir de um elenco bons resultados nos campos, se não oferecer um mínimo de conforto. Como está a programação para transportar a delegação?
LH - É mais um gasto que onera no Campeonato Brasileiro porque nada é perto. Fizemos um cálculo para levar a delegação para Colatina e deixá-la durante a semana, seguir para a Bahia e voltar para Uberaba de ônibus. Seriam R$ 52 mil, contando alimentação, passagens e hospedagens. Não vai dar. Então, vamos para Colatina, voltamos para Uberaba e depois para Camaçari. Para a Bahia, vamos tentar o transporte aéreo. Estamos ainda nos pedidos, não tem nada certo. Estamos esperando a confirmação.
JM - A diretoria decidiu disputar a Taça Minas Gerais. Democrata e Tupi, dois times da primeira divisão do Campeonato Mineiro, não confirmaram suas participações, porque não veem retorno financeiro na competição. A Copa do Brasil gerou lucros financeiros ao clube ou vocês apostam em uma provável participação, para divulgação da marca?
LH - A Taça Minas é deficitária, mas tem duas vantagens. Como ela precede o Campeonato Mineiro, você prepara o time para a disputa do estadual e para o campeão, passa a ser positiva, porque a Copa do Brasil tem cota de participação e parte das despesas com as viagens são cobertas pela CBF. Para nós gerou lucros, porque tínhamos a mesma equipe disputando os dois campeonatos - Copa do Brasil e Mineiro - e ainda com estes recursos que citei, cota de participação e apoio da Confederação. Foi vantajoso sim.
JM - Podemos dizer que a situação financeira do Uberaba, hoje, é melhor que a do ano passado?
LH - É melhor, mesmo sem o patrocinador. Nós hoje temos menos dívidas que no ano passado.
JM - Passadas as complicações iniciais, geradas pela perda do Boulanger Pucci, como anda a situação do processo de desapropriação?
LH - Continua na justiça dependendo da liberação da posse para o município. Tem a pendência da avaliação judicial que não aconteceu e aí o juiz não dá a posse para a Prefeitura, para que ela possa ceder ao Uberaba Sport. Por enquanto, o cenário não mudou, desde o pedido da desapropriação.
JM - Como está a situação do novo centro de treinamentos?
LH - O clube não recebe dinheiro e não executa obras. Os valores são depositados para a Prefeitura Municipal de Uberaba, que tem que pegar uma área pública, construir o centro de treinamentos e cedê-lo ao clube. As emendas estão tramitando no Ministério de Esportes, mas como não foram liberadas antes do início do período eleitoral, teremos que aguardar o desenrolar depois de outubro.
JM - Com isso, as obras só poderão ser iniciadas em 2011?
LH - Depende, se o Ministério dos Esportes autorizar, a prefeitura pode começar a licitação.
JM - Por falar em período eleitoral, o seu mandato termina em dezembro? Já existe alguma movimentação em relação a uma nova chapa ou a continuação do seu trabalho à frente do clube?
LH - Por enquanto ninguém manifestou nada, devem estar esperando para saber a situação do time para o Campeonato Mineiro do próximo ano. Acredito que se estiver tudo bem, alguém vai ficar interessado em assumir, mas isso só quando chegarem as eleições para sabermos. Por enquanto, fica como está.