Pois é, minha gente, as eleições vão acontecer dentro de breves dias. Qualquer cronista tem que dar o ar da graça, afinal eleições são o passo máximo e característico da democracia – e talvez até do nosso futuro. Esta frase é bonita e obrigatória, apesar de não ter nenhum valor nos tempos atuais. Lá venho eu de novo, mais uma vez cronista da esculhambação. Algum jovem candidato ou apaixonado vai dizer: “Lá vem ele de novo, seus pensamentos e escritura deviam ser queimados no lixo da pátria, e ele exportado pra ilha de Fernando de Noronha”. Com esta eu até concordo, as fotografias são lindas, só tem gente rica e vagabundos – quem é que não gosta disto? Agora, queimar minha escritura será apenas por medo ou covardia – coisas que nenhum candidato assume. Aliás, por curiosidade, os políticos geralmente adoram esculhambações, desde que aplicadas aos seus adversários ou concorrentes. Para eles, a política é o acesso ao altar da pátria, ao sacrifício pelos pobres, pelo povo em geral. Altar, na história, sempre foi o lugar do sofrimento, dos sacrifícios, tinha sacerdote cuja maior honra era ser imolado por Deus e seus pobres irmãos! Caramba, por acaso ouvi na TV um destes sacerdotes, que nesta eleição disse que abandona sua casa, família e filhos para servir ao seu povo... uma titica qualquer lá nos fundos da Amazônia. Aliás, sem personalizar, SERVIR é o programa de TODOS os candidatos. Bacana, não é? O problema está no depois, quando tantos eleitos se esquecem das promessas e programas (aliás, isto existe?) e vão apenas cuidar de si e dos seus... aos demais meu cordial adeus, voltarei nas próximas eleições!... Olha, companheiro e cínico leitor como este aqui: pense porque seu candidato quer ser eleito. Tarimbado por anos e decepções, apronto pensamentos possíveis, que são infeliz maioria: para ganhar dinheiro na moleza (mais que na sua dureza atual) – para ganhar nome e prestígio social (tou vivendo na merda!) para abrir janelas e portas (vão ter que me tolerar e puxar o saco!) para arranjar mulher nova e bonita (a minha está um bagulho horrível!) – olha meu amigo, você vai descobrir coisas de arrepiar. A mais difícil, mesmo, é encontrar aquele verdadeiro patriota e companheiro, pessoa realizada, sem ambições secundárias, que realmente merece o seu povo e o seu voto. Eu, por exemplo... ou o Charlie Chaplin, que é muito melhor, infelizmente está morto e se está no céu poderá nos ajudar. Afinal, o mundo é uma comédia!
(*) Médico e pecuarista
