Não sou socióloga e nem analista política. Sou apenas graduada em Estudos Sociais, concluída nos anos 70 quando se estudava nas faculdades e escolas os problemas brasileiros, a Educação Moral e Cívica e Organização Social e Política do Brasil, todas matérias hoje extintas.
Não sou dada a manifestações de rua, talvez por ter crescido em pleno florescimento de uma ditadura. Chego a ter medo das mesmas com a preocupação de que se troque o bom senso pelos excessos, mas sou obrigada a confessar que me sinto emocionada em perceber que a geração atual está fazendo o que a minha não conseguiu fazer.
Ouvir o Hino Nacional num contexto onde a proibição de que os corrompidos partidos políticos infestem as manifestações com suas bandeiras, se aproveitem da situação para aparecer querendo exercer influência sem assumir responsabilidades parece ser uma prova de lucidez.
Se a maioria dos políticos eleitos pelos seus partidos fosse solução e não problema, a situação não seria a que ora se apresenta.
Eclodiu o grito preso na garganta entalada de tanta pizza, resultado dos escândalos que não deram em nada. O gigante adormecido está acordando ainda que pesem os excessos cometidos por alguns vândalos que não compreendem o verdadeiro espírito desse momento histórico.
Fico referendada em descobrir que não sou uma alienígena desconfortável com tanto dinheiro gasto na construção de estádios que o povo não pediu e que se tornarão “elefantes brancos”, enquanto morre-se nas filas dos serviços de saúde, não se desfruta de educação de qualidade e muitos vivem o calvário do transporte público inadequado diariamente.
Que o ruído dos manifestantes acorde a rainha. Que a vaia de sábado em Brasília tenha o poder de acordar a presidenta e seu séquito para a realidade de que política assistencialista não engana o povo por muito mais tempo.
O aumento das passagens de ônibus foi a gota d’água. Queremos mais. Queremos que seja percebida a força de um povo que protesta de maneira séria e ordeira. Queremos sim, e muito, que os bons políticos e também os maus absolvidos de suas culpas, falcatruas, apadrinhamentos, roubos e enganações, reflitam no que têm feito de nossa pátria amada, Brasil!
(*) Mestre em Psicologia Clínica e Terapeuta das Perdas e Lutos