Estilo se constrói pela ação verbalizada e pelo gesto diferenciado, enquanto a tendência é uma sinalização para onde caminha aquele estilo. A tendência geralmente está contida no estilo. Eles se renovam e se acrescem em novas formas de modelar o fazer, consubstanciam-se em referências que podem ser rechaçadas ou seguidas. Estilo é uma modelagem, portanto, que traduz um perfil pessoal, que pode acolher vários, tornando-se uma forma de agir ou uma marca de uma época. Isso pode ocorrer nas artes, na política, na literatura... Veja, no caso da política, o estilo do coronelismo, do populismo, do autoritarismo, hoje tão combatidos. Mas a tendência dos governantes à época era empreender em suas administrações ações que confirmassem o estilo. Hoje a democracia perdura, embora tenhamos ações extremadas de combate a liberdade de expressão, de pensar. Estilo requer prática, para que não seja seguido e cultuado não como utopia, e sim como uma verdade factível. E assim nos tornamos simpáticos ou não àquele estilo político. Um defensor, ideólogo ou pensador. Um opositor, contestador, indiferente jamais, porque não é saudável ao coletivo. Como o fanatismo é abominável, principalmente na política. Mas os estilos marcam uma época e deixam seus registros nas páginas abstratas da história. Fiquei surpreso ao atender o telefone e ser convidado pela assessoria do prefeito municipal de Uberaba para um café da manhã. Era um convite cortês, seguido de explicação simples. Era um café da manhã com o prefeito e os ex-vereadores. Não havia o que pensar, senão responder. Confirmei a minha presença, mas ficou aquela lacuna interrogativa do porquê daquele convite. Um convite a mim? Não aos ex-vereadores. Era um gesto inusitado. Raro na literatura da boa convivência entre as partes políticas. Por outro lado, ouvir os ex que, geralmente não são lembrados torna ainda mais inolvidável o gesto. Fiquei satisfeito e surpreso e lá estávamos nós no dia e no horário proposto. Matutei aquele convite. Embora o nosso partido tenha se autodissolvido e caminhado com outro candidato, o convite não era partidário, e sim aos que um dia exerceram o mandato de vereador na cidade de Uberaba. O dia chegou e lá estávamos recepcionados por ele e pelos Secretários Municipais. Não sei quantos vereadores foram convidados, mas aqueles que entenderam ou quiseram entender o gesto de construção coletiva do Prefeito Paulo Piau e que puderam, compareceram ao evento. Simples, informal, como devem ser. Sem muito proselitismo ou teses mirabolantes. A palavra de boas-vindas do prefeito foi pra dizer que a sua gestão estava aberta para receber sugestões daqueles que um dia exerceram o mandato e que tinham uma ideia a ser apresentada à administração. O tempo passa mesmo, e o bom é que é pra todo mundo. Estamos bem diferentes do que naquela época em que estávamos juntos ali na Câmara Municipal, como diferente também foi a ação empreendida por aquele que demonstra um novo estilo de governar e que tomara se torne uma tendência.
