Na década de 90, voltando ao Brasil depois de morar fora por dois anos, um colega assombrava-se com as expressões novas e que não conhecia. Em uma era pré-internet, os jargões popularizados no sagrado espaço depois do jornal noturno lhe faziam imensa confusão. “Mas o que é ‘nos trinques’?” Quem via a novela, sabia; o que significava, naqueles tempos, todo mundo, menos ele.
Recentemente, outra expressão parece ter conquistado os corações. Simplesmente uma palavra: gratidão. Aparece em tweets fofinhos, posts no Instagram e Facebook, mensagens diretas e redes sociais.
Assim, é oportuno, nestes tempos de desânimo geral, parar para reconhecer as bênçãos, que são muitas. Há graças no atacado e varejo, para quem quiser ver, ainda mais nesta semana em que se celebra o Dia de Ação de Graças.
Os desafios impostos pelo serzinho microscópico e onipresente nos encontram no nosso melhor. Há recursos de saúde, comunicação, infraestrutura e tecnologia como nunca houve, e amanhã estarão ainda mais desenvolvidos. Tudo poderia ter sido bem pior, como nos contam os números de pandemias passadas. Vacinas em tão pouco tempo? Nunca antes.
E os mais sortudos entre nós têm ainda mais a agradecer. Desde a comida na mesa, o teto, o trabalho que sustenta e enobrece, a saúde que às vezes falta. E, mais do que todas essas, a bênção que enriquece ou compensa todas as outras: a família.
Quando a saúde está boa, o dinheiro sobra, o sucesso vem e há fartura, a família dá sentido a tudo isso. Que graça há em comemorar a conta cheia no banco em uma casa vazia? Desfrutar da capacidade de fazer tudo, sem ter para quem?
Quando qualquer um desses itens nos falta, ou se complica, aí vemos o que realmente importa. É quando cunhados(as) se tornam irmãos(ãs); filhos se transformam em pais ou mães; sobrinhos e netos ascendem de geração.
Gratidão, neste 25 de Novembro, Dia de Ação de Graças. Não por eventos efêmeros ou conquistas materiais que vêm e vão, mas por uma vida inteira de presença. Família é aquela que aparece todos os dias, nos bons e nos maus momentos, e faz o que for necessário.
Gratidão.
Ana Maria Leal Salvador Vilanova
Engenheira civil, cinéfila, ailurófila e adepta da caminhada nórdica AnaMariaLSVilanova@gmail.com