Começamos o novo ano civil falando e celebrando o Dia Mundial da Paz, invocando a presença e as bênçãos de Deus em todo o seu percurso. Assim faziam os israelitas, pedindo paz para a natureza e para o ser humano, convencidos de que Deus fazia brilhar para eles a luz de sua face. Era expressão de confiança e de esperança de um ano cheio de vitórias e de novas realizações.
Dizemos que Maria, a Mãe de Jesus, é a rainha da paz. Assim celebramos, no dia primeiro de janeiro, a Festa de Santa Maria, Mãe de Deus, aquela que trouxe ao mundo o Príncipe da Paz. Devemos ter a certeza de que Deus vem abençoar, através de Jesus, o novo ano, diminuindo a violência, a insegurança e o desrespeito existente entre as pessoas, as causas da falta de paz.
Aquele que vem trazer a paz, Jesus Cristo, manifesta-se ao mundo como luz que brilha nas trevas da cultura da maldade e das incompreensões. Ele chega com simplicidade de vida e nasce num lugar desconhecido, na vila de Belém, local de origem do rei Davi. Esse humilde povoado foi visitado pelos Reis Magos do Oriente, revelando como deve ser a prática de vida entre os diferentes.
O verdadeiro poder não está nas mãos dos “Herodes da vida”, dos endinheirados e votados, mas na força dos humildes, quando conscientes e organizados. Estamos em ano eleitoral, momento de manifestação de força através do voto. A paz depende dos políticos, porque em suas mãos está o poder de decisão, a construção das leis e a autenticidade da gestão pública.
A autoestima do povo brasileiro precisa ser reconstruída, mas por pessoas de boa-fé, diferentes do rei Herodes, que queria destruir o reinado de Jesus. Necessitamos de políticos comprometidos com as causas do povo mais carente, que defendam um país para todos, evitando os privilégios de uns em detrimento da maioria. Sem isso, a paz será, cada vez mais, impossível no Brasil.
A população brasileira clama sempre por um país diferente, próspero e humano. A paz verdadeira pode acontecer, mas, quando as forças do poder forem convergentes, preocupadas com o bem da população. Carecemos de um projeto que seja realmente sério de desenvolvimento, o “novo nome da paz”, no Brasil. Tudo depende de vontade política e capacidade de ação com liberdade.
(*) Arcebispo de Uberaba