A preocupação - conjunto de pensamentos de antecipação negativa sobre acontecimentos futuros - evolui do mesmo modo que o processo mental empregado para a solução de problemas.
A aflição excessiva, entretanto, faz mais mal que bem. Os preocupados crônicos agem sob a percepção enganosa de que, quanto mais pensarem sobre a questão que os incomoda e tentarem controlar cada situação, melhor será a solução dos problemas e o planejamento futuro. Mas, em vez disso, esse padrão de pensamento dificulta a assimilação cognitiva e provoca a superestimulação das áreas cerebrais de processamento do medo e da emoção no cérebro. A consequência, que é o excesso de vigilância, pode levar a problemas cardiovasculares, tornando o organismo incapaz de lidar adequadamente com o estresse.
A tendência humana a se “pré-ocupar” com algo que não pode ser resolvido naquele momento, está relacionada à ansiedade.
Pesquisadores mostram que a aflição excessiva é uma característica do transtorno de ansiedade generalizada. Sua manifestação crônica pode ser considerada um problema de saúde mental.
Foram definidos três componentes principais das preocupações comuns das quais a maioria das pessoas não está livre: o excesso de pensamentos, a tentativa de evitar resultados negativos e a inibição de emoções. A compulsão por controle é comum nas pessoas. Os preocupados crônicos veem o mundo como um lugar inseguro e tentam lutar contra a sensação de desconforto.
Os excessivamente preocupados nutrem a crença de que a aflição lhe propicia esse controle e tendem a evitar situações sobre as quais não detenham nenhum poder.
Os preocupados exibem atividade aumentada em áreas do cérebro associadas às funções executivas como planejamento, raciocínio e controle do impulso. O córtex frontal esquerdo desempenha papel preponderante nesse comportamento.
Todavia, a tentativa exagerada de estar no comando de determinada situação ou de seus próprios pensamentos pode, em vez de atingir seu objetivo, causar o domínio por aflições repetitivas nos indivíduos preocupados.
A preocupação está associada à tendência inata dos seres humanos de pensar sobre o futuro.
(*) Psicóloga clínica sandrasba@uol.com.br