Hoje falo do filho ilustre que adotou Uberaba como sua segunda terra e, devido ao seu amor a ela dedicado, não tenho dúvidas em dizer: muitos de nós uberabenses temos a aprender com ele. De cada três frases sobre Uberaba, uma reflete sempre a sua forte vinculação conosco. Esse é Djalma Santos, o lateral direito da nossa Seleção Brasileira de 1958/1962, o maior do mundo.
Dedicando-me fineza de gentleman ouvi a história gloriosa de Djalma. Contou-me sorrindo que na infância sua mãe lhe deu carne de gato para vê-lo curado de uma bronquite. Depois de tantas idas e vindas pelo mundo, a tal bronquite quer voltar. O sonho de pertencer à Força Aérea Brasileira lhe foi frustrado por um acidente na mão direita. Daí surgiu a obstinação por ser o craque imbatível que nunca foi expulso de campo!
Perguntei a Djalma: Qual foi o seu melhor momento na Seleção Brasileira? “Foi o dia em que Vicente Feola me disse que o titular De Sordi não jogaria. A oportunidade ímpar para substituir aquele astro me consagrou para sempre”. Qual foi o seu maior prazer em Uberaba? “Sem dúvida, a opção de vir aqui morar há 28 anos foi e é o meu maior prazer”. E os seus projetos? “A Academia de Futebol Djalma Santos, menina dos meus olhos com 190 adolescentes no esporte, teve suas atividades suspensas. O risco de acidentes com os garotos na BR-050 para chegarem à sede da AABB me tirava o sono. Preferi sacrificá-la tristemente. O jovem Lucas Maradona, 14, no Goiás E.C. será a nossa revelação, porém vários outros poderiam também ser revelados”. Djalma, politicamente, de que lado Você está? “Estou do lado de todos, embora muitos pensem o contrário. Eu amo Uberaba!”
O(a) leitor(a) sabe; este texto é a amostra do diálogo agradabilíssimo que mantive com Djalma Santos por duas horas em sua acolhedora residência. Sobre a mesa, cartões com fotos suas vindos de várias partes do mundo solicitando apenas o autógrafo do gigante palmeirense. Na parede coberta por troféus, uma foto curiosa: Djalma, em data única e por empréstimo, jogando no São Paulo Futebol Clube. Era o dia 09/10/1960, quando o Estádio Morumbi foi inaugurado. Presenteei-lhe com o livro “As melhores seleções brasileiras de todos os tempos”. Haja humildade em D.S quando viu naquelas páginas fotos suas nas seleções de 1958 e 1962!
Conselho de Djalma aos jovens: “Disciplina e disciplina”. Desejo do nosso filho ilustre: “Quero dormir meu sono eterno em Uberaba”. Ao sair eu disse a Djalma Santos que ali vivi um dos melhores momentos de minha vida e recebi dele um longo e silencioso abraço...
Homenagem a Djalma Santos, falecido no dia 23/07/2013.
(*) PRESIDENTE DO FÓRUM PERMANENTE DOS ARTICULISTAS DE UBERABA E REGIÃO; MEMBRO DA ACADEMIA DE LETRAS DO TRIÂNGULO MINEIRO