Dia criado para chorar tristezas. Pessoalmente não vou ao cemitério. Se for, será como hóspede permanente e não como visitante. Pego meu Volks, vou girando pela rodovia. No som coloco as Guaranias, uma gravação especial da orquestra sinfônica de Asunción – presente do meu amigo Juan Carlos Wasmosy. Lembro-me de tantas coisas vividas e passadas – os olhos ficam embaçados de lágrimas que não choro por tristezas que não tem consolo. Li na Folha que o senhor Patriota está lá na Venezuela, puxando saco do democrata Chaves que ia comprar aviões brasileiros... antes do Mercosul afogar o Paraguai democrático para consumar mais uma guerra Brasil – Argentina (o Uruguai, como sempre, um espectador). Nossa presidente não sabe ou ignora a safadeza deste seu patriota. Lembro-lhe: o Patriota foi a Assunção, na crise de deposição do ex-presidente Lugo. Voltou com suas referências pessoais: o Congresso do Paraguai agiu de forma tirânica e ilegal, Lugo... é inocente. Votação em percentuais, conhecimento internacional: 95% do Congresso pela deposição, apenas 5% omissos ou a favor do ex-presidente. Votação igual desconheço no Brasil, Uruguai e Argentina – e os três ordenaram a exclusão – suspensão do Paraguai do “seu” Mercosul. Pior, ninguém conta a razão, que logo explodiu: admitir a entrada da Venezuela no seu Mercosul, antes impedida pelo Paraguai. O Patriota está lá, recebendo abraços, agradecimentos e benesses do recém-reeleito Hugo Chaves: padrão democrático e agora no Mercosul... Apenas, em notícia de jornal, Venezuela tinha compromissada a compra de uns tantos aviões brasileiros... mas agora está mijando fora, é pra depois, etc e tal. Nesta triste história, digna deste dia, a nossa Dilma está fora. Recomeço a rodar asfalto. Triste, é verdade, menos pela tirania, mas sim e mais pelos meus amigos do meu Paraguai. São tantos e muitos, afinal deram-me nacionalidade paraguaia na criação da Ficebu, sediada em Asunción. A amizade e dignidade de Juan Carlos Wasmosy me basta como representante deles todos. A lembrança de meus dois brasileiros sócio-empregados lá no norte de Bahia Negra também vale lágrimas – de saudade e gratidão. Saudades valem, mas o dia é triste. Vou voltar pra casa...
(*) Médico e pecuarista