ARTICULISTAS

Fraternidade no mundo

Dom Paulo Mendes Peixoto
Publicado em 07/05/2021 às 19:54Atualizado em 18/12/2022 às 13:38
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A base da fraternidade está na capacidade de diálogo, de diplomacia, amabilidade e tolerância. Esses dados são fortalecidos pela amizade, a paz, a harmonia e partilha de valores e experiências morais e espirituais num espírito de verdade e amor. Nos dizeres do Papa Francisco, sem abertura para Deus não há razões sólidas e estáveis para a construção de uma verdadeira fraternidade universal.

É através da autêntica obediência à verdade transcendente que a pessoa manifesta sua plena identidade. Do contrário, triunfam a força do poder e a imposição de interesses ou de opiniões pessoais, desprezando os direitos próprios dos outros. Aí encontramos a raiz do totalitarismo moderno e das polarizações vazias, que conduzem a práticas de desprezo pela dignidade da pessoa humana.

As religiões têm um papel preponderante na construção da fraternidade no mundo, principalmente no compromisso de tornar Deus presente na condução da história da humanidade. Não podemos ofuscar a presença de Deus no mundo com interesses ideológicos e nem instrumentalizá-Lo. Agindo assim, passamos a adorar ídolos e a empobrecer a vida humana, deixando-a sem esperança e sem ideais.

Parece que a mente humana se encontra anestesiada diante da crise moderna que afeta o mundo. Há um grande afastamento dos valores religiosos, substituídos por outros mundanos e materiais sem dimensão transcendente; o predomínio de um forte individualismo e o endeusamento das pessoas. Nos debates públicos haja também um fundo religioso, e não apenas miopia dos racionalismos.

A Igreja não pode e nem deve permanecer à margem na construção de um mundo melhor para todos. Não é seu papel fazer política partidária, mas deve agir na dimensão política da existência. Assim estará despertando forças espirituais na área administrativa, para ajudar no desenvolvimento humano integral. Ela tem um papel público para colaborar na promoção da fraternidade universal.

Como entidade e como família de portas abertas, a Igreja não pretende disputar poderes terrenos. Quer ser uma família entre todas as famílias, como uma grande casa acolhedora, de onde os seus membros se encontram sempre em atitude concreta de saída, para testemunhar no mundo a fé, a esperança e a caridade, a serviço da humanidade, para construir o bem comum para todos.

Dom Paulo Mendes Peixoto - Arcebispo de Uberaba

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